Donald Tusk está preocupado com o risco de uma “saída acidental” da Grécia da zona euro, o que poderá acontecer se não se solucionarem rapidamente os problemas de tesouraria e de financiamento da economia grega. O presidente do Conselho Europeu, historiador de formação, lembra que “demasiados acontecimentos [negativos] na Europa ocorreram de forma acidental“, como os mal-entendidos que levaram à Primeira Grande Guerra. O polaco avisa que “não se pode humilhar a Grécia” mas lança, também, críticas ao governo grego, que por vezes o “irrita”, diz o próprio.

As consequências de uma saída da Grécia da zona euro “não seriam apenas financeiras, acredito que o resultado seria o capítulo mais dramático da História da UE”, diz Donald Tusk em entrevista ao El País publicada esta segunda-feira. “É por isso que temos de ajudar a Grécia. Para mim, é indiscutível”, diz o polaco, que esta semana vai presidir a uma reunião do Conselho Europeu em que a crise na Grécia será um dos temas em discussão entre os chefes do governo da União Europeia.

O presidente do Conselho Europeu alerta que uma questão essencial da crise grega, mais do que uma “crise de números, é uma crise de emoções”. E, por essa razão, “temos de evitar toda e qualquer coisa que possa humilhar a outra parte”, diz Donald Tusk, acrescentando que “a dignidade e a humilhação são fatores muito importantes na política, não apenas os números”.

Donald Tusk esclareceu que não acredita que a Grécia esteja a ser humilhada mas “existem, hoje, muitos gregos que se sentem humilhados”.

O polaco diz, contudo, que entende que “os políticos alemães se sintam irritados, porque são muitas vezes o alvo das críticas” gregas. Ele próprio, Donald Tusk, assume que se sente “irritado” com algumas declarações proferidas pelo governo grego. “Já o disse a Tsipras: necessitas de ajuda, não podes brincar, necessitas de milhares de milhões de euros e não podes atacar e ofender, a cada dia que passa, quem pode prestar-te essa ajuda. É contraproducente”, diz Donald Tusk.

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