Depois da polémica, Pedro Passos Coelho pediu “desculpa” aos portugueses por ter passado uma informação errada sobre alegado suicídio. “Devia ter pesado melhor a informação”, disse à chegada a Odivelas, referindo-se às declarações desta manhã, em Castanheira de Pêra, onde disse que havia “vítimas indiretas deste processo”, nomeadamente “pessoas que puseram termo à vida e que em desespero se suicidaram”.

Falando aos jornalistas à chegada a Odivelas, para a apresentação da candidatura de Fernando Seara à câmara, Passos pediu “desculpa pela utilização de uma informação que não foi confirmada“, sublinhando que “devia ter pesado melhor a informação”. Ainda assim, sublinhou um lado potencialmente positivo: “Se o erro que eu próprio cometi, quando fiz uma alusão a uma situação mais dramática cuja consequência não se confirmou, e ainda bem, se esse erro servir pelo menos para que haja uma atenção pública maior e o apoio público possa chegar mais rapidamente, então terá essa consequência”.

O PS, nomeadamente pela voz da secretária-geral-adjunta, Ana Catarina Mendes, já criticou duramente as declarações do líder da oposição, falando em “aproveitamento político da tragédia”, mas essas acusações Passos recusa. “Não há arma de arremesso político nenhum, o que há é uma situação a que é preciso responder. Não é possível esperar que haja uma espécie de branqueamento político sobre estas situações. Temos sido muito sóbrios na forma como usamos referências a estas matérias, mas outra coisa diferente é fecharmos os olhos”, disse.

Segundo Passos Coelho, o importante é que o Estado apoie os sobrevivente e as famílias das pessoas que perderam a vida porque, em última análise, “há sempre uma responsabilidade objetiva do Estado por pessoas terem perdido a vida”. E não é esse apoio que vê no terreno, já que a maioria do apoio tem chegado por via da solidariedade social.

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“Num momento de emergência como o que aconteceu, muito do apoio prestado resultou da solidariedade veiculada. Hoje voltei a encontrar no terreno essa situação: grande parte da ajuda está a ser oferecida por instituições de natureza particular e cooperativa, não pelo Estado”, acrescentou.

Passos desafia Governo a criar mecanismo para ressarcir vítimas

É nesse contexto de apoio do Estado que o presidente do PSD pede ainda que o Governo aja, e que aja de forma mais célere do que o Parlamento. “O Governo pode agir de forma muito mais expedita do que se tiver de aguardar por uma iniciativa do Parlamento que vise a mesma situação”, disse. Foi o PSD que apelou ao consenso político para a constituição de uma comissão de técnicos independentes para apurar as razões e causas da tragédia em Pedrógão Grande, apelo a que o primeiro-ministro e o PS acederam.

Mas paralelamente a essa comissão de peritos, o PSD desafia o Governo a agir já no apoio aos familiares das vítimas, nomeadamente através da criação de um mecanismo para ressarcir os familiares das vítimas. “Temos hoje a confirmação clara de que o Estado falhou quando tantas pessoas perderam a vida como perderam, era muito importante que houvesse um mecanismo rápido de reparação”, apelou.

“Vamos aguardar para que o Governo possa, de forma muito rápida, criar um mecanismo que permita que, relativamente às vítimas em espaço público, as famílias possam ser rapidamente ressarcidas, através de um mecanismo transparente”. Caso o Executivo não avance “rapidamente” neste sentido, o próprio PSD não deixará de o “recomendar formalmente, através do Parlamento, ou eventualmente de apresentar uma iniciativa legislativa para colmatar isso”, disse.