O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmou, nesta terça-feira, que os governos europeus têm de apresentar mais resultados, tanto a nível nacional como europeu, e que, apesar dos resultados das eleições europeias de domingo, acredita que o novo Parlamento Europeu vai ter capacidade de funcionar da mesma forma que o seu antecessor.

“Os governos valem por aquilo que são capazes de alcançar. (…) Os governos têm de conseguir mais. A nível nacional, pela implementação de muitas reformas que têm sido adiadas, mas deixa-me acrescentar que em várias partes da Europa houve progressos substanciais, e em circunstâncias muito difíceis”, afirmou o presidente do BCE, na última sessão do Fórum que a instituição promove em Sintra desde domingo.

Para Mario Draghi, os governos da União Europeia têm também de conseguir mais a nível europeu, e que atualmente é preciso pensar de forma mais profunda em um “projeto europeu capaz de criar empregos, crescimento económico e prosperidade”.

O líder da instituição sedeada em Frankfurt diz que o BCE continuará a fazer tudo, mas dentro do seu mandato, explicando que os bancos centrais são de facto poderosos, não eleitos, mas querem continuar a ser independentes, e para isso “atuar dentro do mandato é um requisito fundamental” para manter a credibilidade da instituição.

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Atentos aos riscos de baixa inflação durante período prolongado

O responsável voltou a sublinhar que a instituição está ciente do risco de a zona euro viver um período prolongado com taxas de inflação baixas, mas deixa algumas ressalvas.

Em primeiro lugar, Mario Draghi diz que os responsáveis do BCE não vêm para já sinais de “deflação explosiva”, nem sequer o comportamento típico que caracteriza a deflação, como é o adiamento do consumo de bens duradouros.

Em segundo lugar, defende, a zona euro é uma área “muito heterogénea” o que significa que a taxa de inflação com que o banco trabalho é “mais uma média” do que noutros casos.

No final deixa uma resposta em jeito de provocação a Paul Krugman, que de manhã defendeu que o objetivo de uma taxa de inflação perto mas abaixo dos 2% devia ser aumentada e que a zona euro precisa de mais inflação, com a já conhecida posição alemã: “o que significaria para a Alemanha ter um objetivo de 5%? Nem quero pensar nisso”.