Seis dias depois de o Banco de Portugal o ter mandatado para preparar um plano estratégico para o Novo Banco, Vítor Bento deu ontem o pontapé de saída no desenho de uma estratégia de médio prazo para a instituição, essencial para assegurar uma boa venda futura. Depois de uma reunião com a consultura McKinsey, contratada para fazer a assessoria do processo, o administrador executivo escreveu aos trabalhadores sinalizando que o seu objetivo “é o desenvolvimento sustentável do banco e a sua manutenção como referência fundamental do panorama financeiro português”.

Nessa curta mensagem, a que o Observador teve acesso, Vítor Bento traça os objetivos gerais que definiu para o plano estratégico, passando sempre pela redefinição das sua oferta: “Uma visão que se traduza num crescimento sustentado de receitas, numa melhoria da produtividade comercial e das funções de suporte, de utilização eficiente dos recursos necessários e de otimização da base capital”. A mensagem não refere que prazo foi definido com a McKinsey para fechar o documento, mas fica claro o objetivo de fazer da estratégia do banco mais do que uma mera alienação de ativos.

Na semana passada, Carlos Costa reuniu-se com a administração do Novo Banco, que é formalmente um banco de transição, para o mandatar para a definição de um plano deste tipo, “apontado ao desenvolvimento sustentável do Banco e que ajude a atrair investidores que possam formar uma estrutura accionista estável”, conforme se lia num comunicado oficial do Novo Banco. Uma prioridade central, face à resolução que dividiu o velho BES em dois, mas também face à incerteza criada em torno do Novo Banco, por ser um banco de transição — o primeiro em Portugal — cuja venda foi definida como prioritária pelo regulador e pelo Governo.

Para os trabalhadores, a mensagem do CEO é de confiança: “Como todos compreenderão, o valor associado ao Novo Banco, depende da nossa capacidade de, em conjunto, tirar partido das múltiplas valências da nossa organização, colocando-as ao serviço da economia, em geral, e da nossa base de clientes em particular (…). Estou certo que, com a colaboração e o empenho de todos, esta será mais uma iniciativa que contribuirá de forma significativa para cumprir a missão que nos foi confiada na gestão do Novo Banco.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

BNP Paribas já prepara a venda

Ao mesmo tempo que decorre o processo interno, (também com o apoio do Deutsche Bank para a assessoria financeira), o BNP Paribas já começou a sondar potenciais interessados na compra do Novo Banco. Segundo avança esta manhã o Jornal de Negócios, o banco francês contratado pelo Banco de Portugal para esse efeito “já está a estabelecer contactos preliminares com bancos e fundos de investimento para avaliar o tipo de candidatos” que poderão apresentar-se quando o regulador assim o entender.

O mandato definido por Carlos Costa para o BNP Paribas Corporate Finance passa pela “criação de uma estrutura accionista estável e comprometida com o desenvolvimento do Novo Banco”, maximizarcom o objetivo assumido de “maximizar o valor da transacção”.