Os líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong convocaram uma consulta para domingo entre os manifestantes para decidir se devem aceitar as propostas que o Governo lhes apresentou na terça-feira para prosseguir com a negociação sobre uma possível reforma eleitoral.

O anúncio foi feito pelo secretário-geral da Federação de Estudantes, Alex Chow, acompanhado por Benny Tai, um dos cofundadores do movimento “Occupy Central” – duas das organizações que lideram os protestos – perante a multidão de pessoas concentrada na noite de quinta-feira no distrito de Admiralty, junto à sede do Executivo de Hong Kong.

A decisão foi tomada depois do histórico mas infrutífero diálogo entre os estudantes e o governo na terça-feira.

Os manifestantes prosseguem hoje os acampamentos em três pontos da cidade, quando o movimento cumpre quase um mês de ocupação das ruas.

Os organizadores dos protestos definiram a votação popular como um exercício democrático com a qual procuram conhecer a opinião dos manifestantes sobre a direção a tomar nas negociações com o governo, mas que não implicará uma retirada imediata das zonas de protesto.

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A votação, que será aberta ao público, será levada a cabo no domingo à noite na zona ocupada pelos manifestantes do distrito de Admiralty, no centro financeiro da cidade e a partir de onde são dirigidos os protestos desde 28 de setembro.

Os manifestantes defenderam que, ainda que o voto no referendo represente um aval popular, cabe ao Governo oferecer uma solução para a situação e pediram eleições democráticas em 2017.

Durante o primeiro diálogo entre estudantes e governo na terça-feira, a secretária-chefe, Carrie Lam, propôs aos estudantes a possibilidade de enviar um relatório ao Governo chinês que refletisse a opinião dos cidadãos sobre a reforma eleitoral elaborada pela Assembleia Nacional Popular (ANP, o órgão legislativo chinês) para Hong Kong, a qual restringe a eleição livre de candidatos ao Governo da cidade nas eleições de 2017.

Lam considerou, além disso, a criação de uma plataforma na qual diferentes setores sociais da cidade, incluindo os estudantes, pudessem participar no desenvolvimento de uma possível reforma constitucional a longo prazo para Hong Kong.

A Federação de Estudantes rejeitou em primeira instância as propostas do governo por considerar que careciam de um poder vinculativo para reverter a decisão da ANP tomada em agosto e consideraram que as propostas deveriam abordar a situação eleitoral de 2017.

Estudantes e governo reuniram-se três semanas depois do início da maior campanha de desobediência civil em defesa de maiores liberdades democráticas para Hong Kong, num debate em que ambas as partes expuseram os seus pontos de vista, mas sem chegarem a acordo.

As três zonas tomadas por ativistas pró-democratas amanheceram hoje com manifestantes nas respetivas ruas, quando o movimento cumpre o seu 27º dia.

No distrito de Mong Kok, uma das três áreas ocupadas na Península de Kowloon, grupos de manifestantes passaram parte da noite a reforçar barricadas depois de algumas ‘trincheiras’ terem sido retiradas por opositores do movimento durante os confrontos realizados entre ambas as partes ao longo do dia de quinta-feira.