A advogada Ana Bruno, conhecida pelo seu envolvimento com a empresa suíça Akoya investigada na Operação Monte Branco, pediu para ser dispensada da audição na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e Grupo Espírito Santo (GES).

Em carta com data de 4 de fevereiro enviada à comissão e a que o Observador teve acesso, Ana Bruno garante não ter tido qualquer tipo de “ligação, direta ou indireta, pessoal ou profissional, com o BES ou o GES, nem com qualquer outro tipo de ato de gestão praticado em empresas do referido grupo ou por qualquer um dos seus gestores ou colaboradores”. Nessa medida, considera, “não ter qualquer contribuição relevante” a dar, pedindo por isso aos deputados a “gentileza de poder ser dispensada”, embora admita que pode explicar presencialmente estas questões.

A audição da advogada já terá sido até agendada, mas a data ainda não foi divulgada porque se aguarda confirmação. Ana Bruno teve a iniciativa de escrever à comissão de inquérito depois de conferir que o seu nome estava na lista das personalidades que os deputados pretendiam chamar.

O pedido de audição foi feito pelo Bloco de Esquerda, que justificou o requerimento com a necessidade de ouvir a advogada por suspeitas de ligação à Escom e a Ricardo Salgado. O nome de Ana Bruno tem aparecido de forma pontual nas audições. A advogada terá ligações ao contrato promessa de compra e venda da Escom à Sonangol, na medida em que era administradora da sociedade Newbrook, associada também a Álvaro Sobrinho, que pagou o sinal de 85 milhões de euros ao Grupo Espírito Santo. O Ministério Público está a investigar o destino deste pagamento adiantando por um negócio que não se concretizou.

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A advogada era ainda acionista da Akoya, com 5%, a empresa suíça de gestão de fortunas que foi o principal alvo da investigação a uma rede de branqueamento de capitais. Foi no quadro da Operação Monte Branco, que o ex-presidente do BES foi alvo de buscas, detido para interrogatório e constituído arguido. Também os escritórios de Ana Bruno terão sido alvo de diligências.

Salgado era um dos clientes da Akoya, sociedade que tinha como principais acionistas ainda Hélder Bataglia, presidente da Escom e sócio do Grupo Espírito Santo nesta empresa de Angola, e Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA.

Ana Bruno esclarece contudo que nunca desempenhou cargos ou função que lhe permitam ter informação sobre a forma como o BES e o GES afetam o sistema financeiro e a economia, invocando que este é um dos objetivos do inquérito. Acrescenta que não tem conhecimentos técnicos que permitam um apoio especializado à comissão em matéria económica e financeira, por isso, desconhece em “absoluto a relevância da sua inquirição” no âmbito do inquérito.