O administrador da RTP Nuno Artur Silva disse que o Conselho de Administração da empresa ficou “absolutamente surpreendido” com a posição do Conselho de Redação (CR) da rádio pública, que apresentou queixa contra aquele órgão no regulador.

Num comunicado enviado à redação, o CR da rádio pública anunciou no dia 18 de março que apresentou queixa contra a administração da RTP na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e no Sindicato dos Jornalistas por incumprimento das normas no processo de exoneração Fausto Coutinho do cargo de diretor de informação.

“Fizemos o pedido à ERC e, quase simultaneamente, fizemos também o pedido de parecer aos dois Conselhos de Redação, foi exatamente como devia ser”, afirmou aos jornalistas Nuno Artur Silva à saída da ERC, que acompanhou o presidente da RTP, Gonçalo Reis, na audição sobre a mudança de diretores da empresa.

O órgão que representa a redação da rádio pública apresentou queixa contra a administração da RTP na ERC e no Sindicato de Jornalistas, justificando que a equipa presidida por Gonçalo Reis “não pediu prévio parecer sobre a exoneração e a nomeação”, nem forneceu “os critérios/razões que levaram às suas decisões”.

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Fausto Coutinho foi exonerado do cargo de diretor de informação e será substituído por João Paulo Baltazar.

“Ficámos absolutamente surpreendidos com a posição do Conselho de Redação da rádio, porque nós mandámos ao mesmo tempo [a informação]” à rádio e à televisão, disse Nuno Artur Silva.

“Não percebo”, acrescentou, sublinhando que, logo que o CR da rádio pediu esclarecimentos, a administração propôs “uma reunião e eles recusaram”. “Em vez de quererem reunir, mandaram um comunicado”, comentou.

Questionado sobre se esta situação irá ser resolvida, Nuno Artur Silva disse que o Conselho de Administração está “à espera de uma reunião, se a quiserem ter”.

Em relação aos restantes cargos ligados às direções, o administrador disse que “cabe depois às novas direções decidir as suas equipas” e esse “é um segundo passo”.

Gonçalo Reis explicou que a presença da administração na ERC inseriu-se no “enquadramento das mudanças propostas de direções de conteúdos e de programas, tanto de televisão como da rádio”.

Sublinhou a posição tomada pelo CR da televisão, que “deu parecer não vinculativo positivo” à exoneração de José Manuel Portugal da direção de informação e à proposta de nomeação de Paulo Dentinho para o cargo.

“O Conselho de Redação da rádio, com quem estamos a tentar reunir, colocou uma série de questões sobre o tema de termos pedido parecer prévio ou não prévio, já esclarecemos isso por carta, tanto ao Conselho de Redação como à ERC”, sublinhou Gonçalo Reis.

“A administração seguiu todas as formalidades, tanto assim que o Conselho de Redação da televisão já tomou a sua posição e a sua formalidade foi exatamente a mesma” para a rádio, acentuou.

Gonçalo Reis disse que a administração explicou à ERC os “critérios, fundamentos, o racional, a lógica” das mudanças na estrutura organizativa da empresa.

“Estamos completamente disponíveis para todos os esclarecimentos, quem gere o processo é a ERC, do ponto de vista empresarial, quanto mais rápido for este processo melhor para a RTP, mas é evidente que a ERC é que vai gerir o calendário”, concluiu.

Por sua vez, o presidente da ERC, Carlos Magno, disse que as reuniões têm sido “muito intensas e muito esclarecedoras”.

Em relação à queixa do CR da rádio contra a administração da RTP, Magno disse que ainda não a recebeu formalmente.

“Formalmente, às minhas mãos ainda não chegou”, disse, recordando que passou o dia todo em reuniões.

A ERC ouviu Hugo Andrade, Fausto Coutinho e José Manuel Portugal e a administração da RTP.