A União Europeia estará a alertar há vários anos as autoridades alemãs que a supervisão das transportadoras aéreas tem falhas e chegou a instar formalmente, em novembro, que essas falhas de longa data fossem corrigidas, escreve o Wall Street Journal. A autoridade alemã que faz essa supervisão estava em 2011 na lista negra da UE.
A autoridade alemã responsável pela segurança aérea sofrerá de uma crónica falta de trabalhadores que pode prejudicar a sua capacidade para analisar os registos das transportadoras e dos pilotos, incluindo registos médicos, diz o jornal, citando responsáveis europeus.
Não é claro, para já, se alguma dessas deficiências poderia ter dado um resultado diferente caso tivesse sido corrigida antes da queda do avião no dia 24 de março sobre os Alpes franceses, e que provocou a morte de todas as 150 pessoas que estavam a bordo do voo com destino a Dusseldorf, na Alemanha, operado pela companhia low-cost da Lufthansa, a Germanwings.
A Alemanha já terá respondido à União Europeia sobre as falhas apontadas na nota formal (mas confidencial), e os responsáveis europeus estarão agora a avaliar o plano para corrigir essas falhas, disse um responsável europeu.
Este tipo de comunicações formais não é anormal, já tendo todos os países sido alvo de violações que tinham de corrigir, mas um foco de anos sobre as práticas na aviação alemão, uma das economias mais ricas da Europa, é excecional.
Entre as falhas apontadas, segundo o WSJ, estarão deficiências ao nível do número de trabalhadores e dos seus recursos, no acesso que dá aos historiais médicos, na supervisão da lista dos centros médicos e dos próprios médicos aprovados. Mais de 10 das falhas apontadas estão relacionados com assuntos médicos.
O historial médico de Andreas Lubitz, o copiloto de 27 anos que se suspeita que seja o responsável pela queda do avião, deverá, aliás, estar na posse da autoridade, uma vez que o alemão suspendeu a sua formação em 2009 devido a razões psicológicas. A escola de voo da Lufthansa foi informada que a razão dessa pausa se devia a um “episódio de depressão profunda”, como admitiu a companhia alemã na terça-feira.