Um tribunal do Cairo anulou hoje a decisão pronunciada em fevereiro que declarava como terrorista o movimento palestiniano Hamas, informaram fontes judiciais à agência de notícias EFE.

O Tribunal de Assuntos Urgentes aceitou o recurso apresentado pela defesa do Estado, que pediu o cancelamento do julgamento contra o Hamas porque não teria sido realizado num tribunal competente.

A sentença inicial contra o movimento islamita, que governa a Faixa de Gaza desde 2006, afirmava que o Hamas “perpetrou atentados em território egípcio” e ofereceu apoio a grupos terroristas ativos na península egípcia do Sinai.

O advogado que apresentou a denúncia contra o Hamas também atribui ao grupo palestiniano supostos ataques com armas de fogo contra manifestantes no Cairo durante as manifestações de 2011 que levaram ao derrube do ex-Presidente Hosni Mubarak.

Quanto ao recurso apresentado em março pela Autoridade de Causas do Estado, órgão judicial independente e representante legal do Estado egípcio, afirmou que o tribunal específico para estes casos é o Tribunal Antiterrorista e não o de Assuntos Urgentes.

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O braço armado do Hamas, as Brigadas Izadim al-Qasam, foi também considerado um grupo terrorista, um mês depois do Hamas, pelo mesmo Tribunal de Assuntos Urgentes.

A 4 de março, o mesmo tribunal proibiu temporariamente todas as atividades do Hamas no Egito, cujos escritórios foram fechados e os bens confiscados.

As relações entre o Egito e o Hamas deterioraram-se desde o golpe de Estado que a 3 de julho de 2013 depôs o então Presidente egípcio, Mohamed Morsi, membro da Irmandade Muçulmana, grupo tradicionalmente muito próximo do Hamas, agora declarado como terrorista pelas autoridades do Egito.

O Egito desempenha tradicionalmente um destacado papel de mediador entre Israel, o Hamas e a Autoridade Palestiniana, que governa a Cisjordânia.