As autoridades de Manica, centro de Moçambique, resgatam anualmente uma média de 20 crianças nas rotas de tráfico para a África do Sul, onde “são vendidas para trabalho infantil”, disse à Lusa fonte oficial.

Marcelo Dias, diretor do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), adiantou que dezenas de crianças, entre oito e 15 anos, são recuperadas dos camiões em que são transportadas, após serem aliciadas ou entregues a traficantes por familiares nos distritos de Mossurize e Machaze (sul de Manica), zonas de habitual fornecimento de trabalhadores para as minas da África do Sul.

“Temos resgatado grupos de 20 crianças por ano a caminho do tráfico, que são trazidas para o infantário provincial, redistribuídas para os distritos de origem e reunificadas nas famílias”, disse Marcelo Dias, adiantando que o problema está ligado a questões culturais locais que preocupam as autoridades da província.

A maioria das crianças, disse, são traficadas violando a fronteira com a África do Sul e são geralmente provenientes dos distritos do sul de Manica, além de Machanga, província de Sofala, onde há também casos de tráfico de menores. “Os nossos serviços estão atentos ao tráfico, embora não seja a sua vocação”, afirmou Marcelo Dias, acrescentando que estão a trabalhar conjuntamente com as autoridades policiais para travar o problema.

Em 2013, a Procuradoria Provincial de Manica associou a intensificação de implantação de seitas e centros de acolhimentos com o aumento de casos de tráfico, sobretudo de crianças, na região, após ter ativado no ano anterior um “alerta vermelho” e iniciado a investigação de várias organizações religiosas.

Um programa da organização internacional Save The Children está a financiar uma iniciativa das autoridades judiciais de retirar cerca de cem crianças de centros infantis sem condições mínimas e a sensibilizar as comunidades sobre os perigos de tráfico de menores na cidade de Chimoio e nos distritos de Macossa, Báruè e Sussundenga.

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