Koko, uma fêmea de gorila-ocidental-das-terras-baixas de 44 anos, tem demonstrado uma grande capacidade de aprendizagem, já reconhece mais de mil sinais de linguagem gestual e consegue reproduzir comportamentos relacionados com a respiração. Koko consegue controlar voluntariamente nove tipos destes comportamentos que incluem a coordenação da respiração e movimentos dos lábios e língua, segundo um estudo agora publicado na revista científica Animal Cognition.

Um dos autores do estudo, Marcus Perlman, do departamento de Psicologia da Universidade de Wisconsin-Madison, disse ao Huffington Post que se pensava que os primatas tinham capacidades vocais limitadas, mas que Koko demonstrou que pode controlar as vocalizações e aprender sons que saem fora do repertório normal da espécie.

De notar, no entanto que Koko viveu na companhia de humanos toda a vida, no Zoo de São Francisco (Estados Unidos) e a aprendizagem de novos sinais e comportamentos que permitem comunicar com a “família” de humanos ou que representam imitações de comportamentos humanos – à semelhança do que fazem as crianças. A gorila sopra uma framboesa quando quer comida, finge uma conversa ao telefone pegando no aparelho, tosse e sopra pelo nariz quando lhe pedem.

Na natureza ou mesmo entre os animais sob cuidados humanos não treinados, este tipo de comportamentos e vocalizações não é observado. O investigador lembra que não quer dizer que os outros gorilas não o consigam fazer, apenas que o ambiente nunca motivou este tipo de aprendizagem. As vocalizações dos gorilas estão normalmente limitadas a um repertório que comunica informações sobre o ambiente, como a presença de comida ou a proximidade de predadores, ou estados emocionais dos animais.

As capacidades demonstradas por Koko parecem mostrar que a evolução da linguagem, ou pelo menos do “equipamento” necessário para que ela se desenvolvesse, pode ter aparecido antes dos primeiros homens, talvez ainda no ancestral comum aos homens, gorilas e chimpanzés.

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