Os últimos dias do ano costumam servir de balanço sobre o ano que se finou e o ano que aí vem. E os líderes políticos não fogem à regra. Com 2015 a chegar ao fim, o que pediram António Costa e Pedro Passos Coelho para 2016? O que disse Cavaco Silva na última vez que se dirigiu aos portugueses na pele de Presidente da República? E Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, que deram as boas-vindas a 2016 numa posição em que nunca tinham estado – como parte da solução governativa? Num ponto, e apesar de tudo que os separa, todos estiveram de acordo: 2016 não será um mar de rosas. O que os distingue é o grau de otimismo (ou falta dele) que puseram em cada palavra.

Na tradicional mensagem de Natal do primeiro-ministro, António Costa prometeu aos portugueses que este era o início de “um tempo novo” para Portugal. “Um tempo novo que traga crescimento e prosperidade, um tempo novo para as famílias e um tempo novo também para as empresas; um tempo novo de oportunidades que vão ao encontro dos projetos de vida e de felicidade de cada um dos portugueses”.

É altura de “virar a página”, diz António Costa. Uma mudança que já está em curso e “uma mudança que permitirá virar a página da austeridade e colocar Portugal no caminho do crescimento, uma mudança que permite quebrar o ciclo de empobrecimento e que devolve a esperança num futuro melhor”.

O líder socialista admitie que “o caminho que temos pela frente não será fácil, enfrentamos enormes desafios e teremos muitos obstáculos a ultrapassar”, mas de uma coisa tem a certeza: “Estou confiante que os vamos superar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Confiança também não falta a Catarina Martins. Na mensagem de boas-festas, a porta-voz bloquista começou por enumerar as várias conquistas que a atual maioria parlamentar de esquerda já conseguiu – devolvendo rendimentos e impondo a a agenda fraturante que o une os três partidos, para depois deixar palavas de ânimo aos portugueses: “O caminho não será fácil”, mas “isto é só o começo”. “O Bloco é a força da esperança”.

Jerónimo de Sousa também celebrou a mudança de ciclo político. Na habitual mensagem de boas-vindas ao Novo Ano, Jerónimo de Sousa deixou uma promessa “aos trabalhadores e ao povo português”: depois de “tempos dolorosos para milhões de portugueses” e anos de “política de ruína”, este é um tempo “em que se abre uma nova perspetiva, uma nova fase na vida política nacional, que urge transformar num tempo novo de realização concreta”.

Mas nada cairá do céu“, avisou o secretário-geral comunista. “Vamos iniciar 2016 firmes no propósito que é possível transformar a nossa vida política (…) Somos dos que não querem apenas que algo mude para que tudo fique na mesma. Podem contar com o PCP”.

Talvez respeitando o espírito desta época, na primeira vez em quatro anos que se dirigiu aos portugueses como líder do PSD e não como primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho prometeu tréguas ao novo Governo socialista. “É altura de deixar governar aqueles que quiseram assumir essa responsabilidade, dando-lhes tempo para que afirmem as suas políticas e contribuam para resolver os problemas mais relevantes”.

Mesmo reconhecendo que o país está ainda longe de ter alcançado o destino pretendido, “com mais paz, justiça e oportunidades para todos”, o ex-primeiro-ministro disse acreditar “nas capacidades dos portugueses” para superarem as maiores dificuldades. E deixou uma garantia para 2016: “Não deixarei de colocar Portugal e os portugueses à frente em todas as escolhas que vier a fazer como líder do maior partido da oposição”.

Para Passos Coelho, o novo Executivo tem o dever de repor a “previsibilidade e a confiança” no país depois de António Costa ter provocado a crise política que culminou com a queda do anterior Governo. “O futuro, como o presente, nunca é feito apenas de facilidades“. A chave está, por isso, nas mãos do PS.

E foi isso que Cavaco Silva fez questão de lembrar a António Costa na última vez que se dirigiu aos portugueses para a habitual mensagem de Novo Ano do Presidente. “Vivemos um tempo de incerteza. Temos o dever de defender o modelo político, económico e social que, ao longo de décadas, nos trouxe paz, desenvolvimento e justiça. Temos de renovar o contrato de confiança entre todos os portugueses, aquilo que constitui a maior razão para acreditarmos num futuro melhor, para nós e para os nossos filhos”.

Num discurso em que falou de esperança, o Presidente da República, que se despede ao fim de dez anos em Belém, pediu um combate sem tréguas às “desigualdades” e às “situações de pobreza e exclusão social, que afetam ainda um grande número de cidadãos: os idosos mais carenciados, os desempregados ou empregados precários, os jovens qualificados que não encontram no seu país o reconhecimento que merecem”.