O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, acusou a Rússia de estar a bombardear crianças e mulheres “em largos números” na Síria. Bombardeamentos que Kerry diz não serem “precisos”. “Isto tem de parar“, exigiu o responsável da administração de Barack Obama, citado pela CNN.

O secretário de Estado insistiu ainda na necessidade de acabar com a Guerra Civil na Síria: “Os russos apresentaram algumas ideias construtivas sobre como é que um cessar-fogo poderia ser implementado na prática, mas se falarmos apenas por falar, ou falarmos para continuar os bombardeamentos, ninguém o vai aceitar. E perceberemos isso nos próximos dias”, avisou. As críticas a Vladimir Putin não se ficaram por aqui:

Os permanentes ataques feitos pelas forças do regime sírio – que incluem os ataques aéreos russos – contra áreas controladas pelas forças de oposição (…) sinalizaram claramente que a intenção [dos regimes sírio e russo] é procurar uma uma solução militar, em vez de uma solução política”, disse, citado pela CBS News.

A Nato já havia acusado a Rússia de estar a “minar” os esforços que têm sido feitos para chegar à paz na Síria, através dos seus bombardeamentos, que a organização diz terem como alvo grupos de oposição. A Rússia, por sua vez, insiste que atinge apenas “terroristas”, segundo a BBC.

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As declarações de John Kerry foram proferidas em Washington, no mesmo dia em que o departamento para a Coordenação de Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (ONU), citada pela CNN, anunciou que 40 mil pessoas estão a abandonar a cidade de Alepo devido à guerra civil síria.

A BBC citas fontes das Nações Unidas, que afirmam que os conflitos levaram a que entre 15 a 20 mil sírios se tenham deslocado nos últimos dias até à fronteira com a Turquia, que neste momento se encontra fechada. O presidente da Turquia, Recep Erdogan, acusou a Rússia de estar envolvida numa “invasão” à Síria, afirmando ainda que a Rússia e o regime de Bashar al-Assad são responsáveis, no seu conjunto, por 400 mil mortes na Síria, na passada sexta-feira. Estes bombardeamentos estarão a causar um fluxo migratório em massa de sírios.

Na quarta-feira foi finalmente definido o montante financeiro que a União Europeia vai disponibilizar à Turquia, que, por ser o país vizinho da Síria, tem recebido um número avultado de refugiados. O montante será de 3 mil milhões de euros. Em troca, o regime de Erdogan promete manter os refugiados na Turquia e evitar o fluxo migratório destes para os restantes países europeus.