A forma como o mundo olha os videojogos mudou muito, já deixaram de ser meros brinquedos ou “algo para os miúdos”. Os videojogos são um negócio bilionário, usurpando por larga margem o trono do entretenimento do cinema e da música, que se limitam a observar, sem muito fazer para o impedir. E ocuparam também um merecido e natural espaço como objeto artístico, levando a uma compreensão e criação mais ecléticas a cada dia que passa. Entretanto atingiram outro patamar, o do desporto (eletrónico é claro), movendo paixões e milhões com uma projeção que muitos desportos poderão apenas sonhar.

Com tanto dinheiro que circunda os eSports, os campeonatos, os agentes publicitários e até a luta pelas transmissões, seria natural que os grandes clubes sentissem alguma curiosidade pelo que estava ali a passar, nos desportos que levam “e” e hífen antes, para não criar confusões. Com o crescimento dos eSports, com os campeonatos a serem vistos ao vivo por milhões através da internet, com prémios de torneios milionários, era de prever que os grandes “tubarões” do desporto sentissem interesse por esta área algo misteriosa, que é a vertente competitiva e profissional dos videojogos.

Besiktas, Valencia, West Ham, Manchester City e FC Schalke, entre outros clubes, são alguns exemplos de grandes nomes do futebol que anunciaram equipas de eSports como modalidades oficiais. O Sporting Clube de Portugal foi a primeira equipa portuguesa a juntar-se ao grupo e, a 20 de julho de 2016, anunciou o seu primeiro atleta daquela que é a sua 48ª modalidade.

Dez dias passaram até que um momento histórico nos desportos eletrónicos ocorresse: dois clubes históricos do futebol mundial encontrarem-se nos campos de futebol virtuais, quando o atleta sportinguista Francisco “Quinzas” Cruz e o atleta do Wolsfburg Benedikt “SaLzor” Saltzer se defrontaram numa partida amigável de FIFA 16, que de alguma forma antecedeu o jogo de futebol real entre a duas equipas no Estádio de Alvalade. E foi nesse momento histórico que levantou alguma curiosidade pelo mundo fora, que falámos com os dois atletas.

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Os videojogos e as “novas profissões”

O crescimento do mercado dos videojogos tem contribuído para uma mudança de paradigma e para aquilo que poderíamos apelidar como o surgimento de novas “profissões”. Entre os muitos Youtubers de gaming que vão fazendo pequenas grandes fortunas ao criar conteúdo para a internet, passando pelos vários atletas que conseguem a cada dia que passa encarar a possibilidade da especialização e a competição num videojogo como saída sustentável profissional.

A dúvida que ficava ao conversar com estes dois atletas era a motivação que tinham quando começaram e a aceitação ou as resistências das respetivas famílias, perante esta situação que ainda é algo… nova. Em que momento é que a diversão e o passatempo se tornaram tão sérios que os levou a serem captados por dois clubes de futebol. E em relação a tantos outros atletas, subsistia a dúvida sobre a duração de uma carreira dedicada aos eSports.

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A 48ª Modalidade do Sporting

Historicamente, o Sporting Clube de Portugal sempre esteve associado a muitas mais modalidades do que apenas o futebol profissional, facto que o falecimento recente de um dos grandes impulsionares do atletismo nacional e do Sporting, Mário Moniz Pereira, nos faz questão de lembrar.

Como dizíamos antes, chegámos a um ponto da evolução dos videojogos em que um clube de futebol de dimensão europeia decida apostar nos eSports como modalidade não só é aceitável como é quase expectável. É sinal da compreensão da explosão mediática em que se tornaram que os campeonatos de FIFA, Counterstrike, mas especialmente DOTA 2, League of Legends e Hearthstone.

Para percebermos melhor como aconteceu esta aposta do Sporting Clube de Portugal falámos também no Hall Vip do Estádio Alvalade XXI com Pedro Silveira, coordenador de eSports do clube, que tínhamos anteriormente entrevistado aqui no Observador aquando do maior evento de videojogos nacional, a Lisboa Games Week, do qual é diretor.

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Ricardo Correia, Rubber Chicken