A Marcha pela Ciência poderá tornar-se o maior encontro de sempre da comunidade científica. E Carlos Moedas, comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, quer fazer parte desse evento que nasceu como resposta ao apagão das questões climáticas no site da Casa Branca no dia em que Donald Trump tomou posse. “Estaria disponível para participar”, disse à Science Business o comissário europeu.

A Marcha pela Ciência é um encontro de cientistas marcado para 22 de abril, mas está carregado de conteúdo político — e essa é uma preocupação de várias figuras da área científica, que temem que o encontro se transforme num braço-de-ferro entre a comunidade e a nova Administração norte-americana.

Um receio pontual e que não tem revelado grande impacto na organização do encontro. Esta sexta-feira, mais de 360 mil pessoas seguiam o evento nas redes sociais, organizado a partir de Washington DC e que se espalhou por quase duzentas cidades e 22 países (Portugal não faz parte da lista).

À Science Business, Moedas disse que “estaria disponível para participar” num encontro que, a julgar pela adesão que conseguiu colher nas redes sociais, pode tornar-se o maior encontro de sempre de investigadores e cientistas de todo o mundo. “Adorava que alguns dos organizadores me contactasse com mais informação — eu podia aparecer como alguém que verdadeiramente gosta de ciência”, disse o comissário europeu.

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Sem comentar a eleição de Donald Trump e o impacto que a sua tomada de posse como 45º presidente dos EUA pode ter para as relações com a União Europeia, Moedas considera importante que “os cientistas e os investigadores apareçam e mostrem às pessoas quão importante a ciência é, num momento em que há dúvidas sobre a [qualidade e fonte] das evidências” científicas”. Por exemplo, no que diz respeito às consequências que o estilo de vida ocidental tem para a degradação do ambiente. O encontro “está a ser dinamizado pela sociedade civil e não por políticos e penso que isso é acertado”, conclui o comissário europeu.

Portugal à margem da Marcha

O site de promoção da Marcha pela Ciência mostrava uma lista de 22 países onde a comunidade científica se começou a mexer para que no dia 22 de abril houvesse nas ruas de capitais e outras cidades membros da comunidade científica em marcha pela sensibilização da sociedade civil quanto à importância da ciência.

Lisboa não está nessa lista e Portugal não é um dos países ativos. Em Espanha, é à cidade de Girona que cabe o destaque.

A Austrália, por exemplo, tem marchas organizadas em oito cidades; França tem cinco marchas confirmadas; Itália, uma; o Reino Unido, quatro, e nos Estados Unidos — casa de todo este movimento — há 129 marchas-satélite em preparação. O mapa da Google dá conta da dimensão mundial da Marcha pela Ciência.