Numa semana assinalada pelos 100 dias após o trágico acidente que envolveu a equipa da Chapecoense, o clube brasileiro anunciou em comunicado o total de valores recebidos “a título de doação e passados aos familiares das vítimas do acidente aéreo”: 2.977.360,37 reais, qualquer coisa como 885 mil euros. Até aqui, tudo certo. O problema é que essa divulgação surgiu na sequência de algum litígio que começa a existir entre o departamento jurídico da Chape e as famílias a propósito das indemnizações.

Assim, e segundo um comunicado divulgado através de uma auditoria independente, esse bolo angariado que detalha a origem das verbas – o particular Brasil-Colômbia, as doações de empresas diversas e a bilhética do jogo Chapecoense-Palmeiras lideram o top das que mais contribuíram – será dividido entre 68 familiares e sobreviventes. Com a dedução dos impostos, serão pouco mais de 40 mil reais (cerca de 12 mil euros) para cada um.

A missiva explica também o que se passará em termos futuros: as doações para os familiares deverão ser feitas diretamente para as associações das vítimas porque o clube só irá aceitar doações para a reconstrução da Chapecoense, por forma a evitar qualquer mal-entendido.

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O novo mundo da Chapecoense, um clube em crescimento

O aniversário do 100.º dia após a tragédia que fez parar o mundo serviu para recordar tudo o que aconteceu desde o acidente. Ficámos a saber, por exemplo, que as famílias ainda estão à espera da libertação dos pertences das vítimas, um processo complexo cheio de burocracias.

A nível financeiro, além das supracitadas doações, os sobreviventes e familiares das vítimas já receberam dois seguros: um pelo contrato com a Chapecoense, que previa uma apólice de 28 salários em caso de morte trágica; outro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que existe por lei e que prevê o pagamento de 12 salários nestes casos. Falta ainda o da LaMia.

O clube teve uma adesão massiva de vários adeptos espalhados pelo mundo, tendo nesta altura 16 mil inscritos como sócios-contribuintes – uma categoria especial criada após o desastre. Já o número de sócios-torcedores subiu a pique, fixando-se agora em quase 12 mil. Outro dado interessante: as 35 camisolas vendidas de dois em dois dias passaram a 100, já depois do stock ter sido completamente esgotado nos dias seguintes à tragédia que vitimou 71 pessoas na Colômbia.

Também os sobreviventes da queda do avião LaMia 2933 vão tentando retomar a sua vida: Neto está quase recuperado dos problemas na coluna e no joelho e estará em breve de regresso aos relvados; Alan Ruschel, um pouco mais atrasado na recuperação, faz trabalho condicionado; Jackson Follmann, amputado numa perna, já tem uma prótese e está ligado ao clube; e o jornalista Rafael Henzel já voltou a narrar os jogos da Chapecoense.