“Ni Patrie Ni Patron, Ni Le Pen Ni Macron”. A nova frase da resistência francesa contra… tudo. Marine Le Pen “odeia estrangeiros” e Emmanuel Macron “odeia pobres”. Resumindo, é isto. Apesar de não ser bem isto, nem de um lado nem de outro. Mas o certo é que, durante todo o primeiro dia de campanha de ambos os candidatos, as redes sociais encheram-se de vozes que pediram o boicote à segunda volta das presidenciais francesas. O boicote era defendido principalmente pelos mais jovens que se identificam maioritariamente com a esquerda “a sério” de Jean-Luc Mélenchon.

Enquanto as sirenes tocavam para chamar toda a gente a bloquear a progressão da Frente Nacional — todos os principais candidatos já pediram um voto em Macron — , os apoiantes de Mélenchon têm partilhado nas redes socais a sua intenção de simplesmente não votar, ou votar em branco ou nulo, a 7 de maio. Frases como “a abstenção é a única forma de sermos ouvidos” fazem escola no Twitter perante o horror de muitos outros utilizadores que lembram que essa atitude só beneficiará Le Pen porque os seus apoiantes de certeza não vão abster-se.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

https://twitter.com/Anaphi06/status/856252006352248833

“Esta manhã acordei com a hipótese de votar entre o ódio aos estrangeiros e o ódio aos pobres”, escreveu uma utilizadora do Twitter enquanto outra escreveu: “Dia 7 de Maio vou votar NÃO” e outra ainda “Não vou votar Macron e não vou votar Le Pen, eles podem ir para o inferno”. E ainda: “Na segunda volta, temos uma escolha entre a causa dos problemas ou uma das suas consequências, nem pensar”.

“Macron vai implementar um programa económico e social grave de carnificina”, avisa um outro usuário, enquanto outros denunciam o candidato por apoiar a redução do contingente de funcionários públicos. “Votar Macron é sucumbir à chantagem do sistema”, lê-se no tweet em baixo.

https://twitter.com/barbaaragould/status/856638146058096642

Olivier Tonneau, cronista no MediaParte e professor na universidade de Cambridge no Reino Unido, escreveu sobre este fenómeno está zangado com o povo francês no geral. “Vocês votaram Macron e quando olham para ele imaginam um herói da luta pela República contra a Frente Nacional. Para mim, ela evoca uma enorme parede de cimento que retém a água nessa tal barragem contra o nacionalismo e que mantém a água subindo, subido, subindo durante cinco anos”, escreve. “O certo é que até 2012 a Frente Nacional era a depositária de um protesto flutuante mas depois de Hollande, e Macron é o mesmo que Hollande, esse protesto enraizou-se. Não é difícil entender porquê. Há uma ditadura a ser exercida à escala mundial e é uma ditadura da alta finança que vocês acabaram de colocar no poder como servos zelosos”.