Abuso de confiança qualificado, infidelidade, burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática. De acordo com a Polícia Judiciária de Portimão, é pela presumível prática destes crimes que um homem, de 49 anos, e uma mulher, de 50, residentes na freguesia de Pêra, Silves, estão a ser investigados.

Até 15 de junho de 2016, A. J. R. e T. M. foram, respetivamente, presidente e vogal do Centro Social Espaço Aberto, Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS) com sede naquela freguesia algarvia e creche, ATL e cantina social associados. “Quando a nova direção tomou posse percebeu o que se andava a passar e pediu-me ajuda. Apresentámos queixa ao Ministério Público em outubro”, diz ao Observador Sofia Almeida, advogada do centro social.

Em causa estarão prejuízos de cerca de 100 mil euros, detetados através da análise de inventário e de livros de faturas e de atas: “A IPSS não tinha viatura própria, sempre que era preciso fazer alguma deslocação era alugado um carro. Quando a nova direção tomou posse percebeu que a carrinha Peugeot em que o presidente andava tinha sido adquirida, em renting, em nome da creche. Entretanto também tiveram de ser assumidas dívidas relativamente a esse carro, de passagens na Via Verde”, exemplifica a advogada.

Fonte da Diretoria do Sul da PJ disse ao Observador que, além deste carro, terão sido comprados ainda, para uso próprio mas com dinheiro da IPSS, “equipamentos de telecomunicações, computadores e outros bens de consumo pessoal”.

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A saber, revela fonte próxima do processo: robôs de cozinha, caixas de camarão, peças de picanha e bifes da vazia. “Ali fazem-se refeições para crianças e nunca foi servido este tipo de comida às crianças. Bem pelo contrário, a dada altura, os pais até começaram a notar que havia pouca comida, os miúdos não passavam fome mas as refeições eram racionadas.”

De acordo com Sofia Almeida, a nova direção terá detetado ainda outras irregularidades: “Houve pagamentos feitos em dinheiro, pelos pais, que nunca chegaram a entrar em caixa; atas e assinaturas que foram falsificadas; e documentos encontrados assinados em branco”.

Ambos os suspeitos estão obrigados a apresentações quinzenais e proibidos de estabelecer contacto entre si e com os outros intervenientes no processo.