Ao contrário daquilo que prometeu durante a campanha presidencial, Donald Trump não vai suspender o acordo nuclear com o Irão. Mas vai mudar a estratégia. “Quanto mais ignorarmos uma ameaça, mais perigosa se torna”, afirmou o presidente dos EUA a explicar que a estratégia quanto ao acordo vai ser alterada.

O acordo, assinado em 2015, visa um entendimento entre os dois países – o Irão congela o avanço nuclear e os Estados Unidos levantam todas as sanções que havia imposto, incluindo a proibição de vender petróleo ou de marcar presença nos mercados internacionais. Donald Trump tem repetido insistentemente que os iranianos não estão a cumprir a sua parte e afirmou, mais uma vez, esta sexta-feira que “foi o pior acordo alguma vez feito”.

Mas – numa reviravolta inesperada a la Trump – o presidente não vai suspender por completo o acordo. O documento implica que Donald Trump, ou qualquer que seja o chefe de Estado vigente, verifique a cada 90 dias que as linhas gerais estão a ser cumpridas. Trump não vai suspender o acordo, como anunciou esta sexta-feira. Esta decisão relega a decisão para o Congresso, que terá 60 dias para decidir se repõe as sanções ao Irão ou mantém o acordo.

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Se as sanções forem repostas, o mais provável é que o pacto acabe mesmo por cair. Mas o que a administração Trump quer é que o Congresso adote novas medidas que mantenham o documento intacto mas estabeleçam parâmetros a seguir caso o Irão não cumpra as linhas gerais.

Ao que referiu a BBC, a intenção de Donald Trump é “consertar” este acordo nuclear. Segundo a conferência de imprensa desta sexta-feira, na Casa Branca, às 12:45 (17:45 em Portugal), para explicar o novo plano, fruto de semanas de discussões internas entre ele próprio e a equipa de segurança interna, o atual acordo gera”fracas expectativas” aos EUA e permite que o Irão continue a desenvolver tecnologia nuclear. O objetivo de Trump é tirar protagonismo ao acordo no que toca à relação entre os dois países – e pôr em prática uma estratégia mais agressiva com o programa nuclear iraniano. Para isso, o estadista afirmou que irá trabalhar com os aliados para bloquear os avanços do Irão.

O plano do presidente foca-se em neutralizar a influência desestabilizadora que o governo do Irão tem e constranger as suas agressões, particularmente o apoio ao terrorismo”, explica um comunicado da Casa Branca, citado pela CNN.

Além da opinião pública interna, que se tem materializado em manifestações pró-acordo perto da Casa Branca, Trump enfrenta o descontentamento dos líderes internacionais com a queda deste entendimento. Theresa May e Emmanuel Macron, por exemplo, já pediram publicamente ao presidente norte-americano que mantenha vigente o documento assinado com o Irão. Também a Agência Internacional da Energia Atómica e o próprio Congresso dos Estados Unidos dizem que os iranianos estão a cumprir o acordo nuclear desde o primeiro dia e que não há qualquer motivo para a suspensão do mesmo.

Alguns dos manifestantes que se têm juntado em frente à Casa Branca

Donald Trump reafirmou recentemente que está em desacordo com esta negociação, numa entrevista à Fox News, em que disse que “eles [o Irão] têm um caminho em direção às armas nucleares que é muito rápido, e pense nisto – 1,7 mil milhões de dólares em dinheiro”, referindo-se a uma das alíneas do artigo, decidida por Barack Obama, que encerrou uma batalha judicial que durava há décadas entre os dois países.

Na conferência de imprensa o presidente dos EUA afirmou: “nós vamos negar todos os avaçosdo regime [irariano]” para planos nucleares. Donald Trump acabou a conferência por dizer: “vamos fazer o que for preciso para manter a América segura”.