Podia ser a trama de um filme de ação. Carles Puigdemont publica uma foto do palácio da Generalitat na sua conta de Instagram a dar os bons dias à nação. Aparentemente, tudo está bem, o presidente da Catalunha regressou ao seu gabinete após a controversa declaração de independência no Parlamento catalão, pensam todos. Ao mesmo tempo, pelas 9 horas da manhã, um dos seus conselheiros, Josep Rull publica no Twitter outra foto no seu gabinete, dando ares de quem inicia mais um normal dia de trabalho.

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Bon dia ????

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Sabe-se agora, conta o El Espanol, que seriam meras manobras de distração: àquela hora, Puigdemont e cinco dos seus conselheiros de governo — Joaquim Forn, Meritxell Borràs, Toni Comín, Dolors Bassa y Meritxell Serret — já estariam noutro país. Depois de um fim-de-semana em Girona, o governante catalão (entretanto destituído), seguiu de carro até Marselha onde apanhou um voo para Bruxelas. E é em Bruxelas que, conforme se especula desde esta segunda-feira, Carles Puigdemont poderá pedir asilo político depois das ameaças de prisão por desobediência e rebelião, que lhe pode valer até 30 anos de prisão.

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As justificações serão dadas pelo próprio na manhã desta terça-feira, pelas 11h30, numa conferência de imprensa. Em Espanha, multiplicam-se as perguntas: de que foge o presidente catalão, porque foge, que hipóteses pode ter um eventual pedido de asilo? São as perguntas a que se espera que responda hoje.

Carles Puigdemont, que ainda não confirmou qualquer pedido de asilo, após a decisão de Rajoy de ativar o artigo 155 e de o afastar do governo regional da Catalunha, já terá mesmo contratado advogado na Bélgica para tratar do seu processo. Esclarecimentos que se espera então serem feitos hoje.

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Apesar de uma primeira reação do ministro belga com a pasta da imigração, que via com bons olhos a possibilidade de conceder asilo a Carles Puigdemont, seguiu-se uma reação menos amistosa do primeiro-ministro da Bélgica, que achou prematura qualquer avaliação sobre esse eventual pedido. E agora também o seu vice-primeiro ministro reagiu com desagrado a essa possibilidade. “Não quero antecipar qualquer decisão. Mas quando pedimos a independência, é melhor permanecer junto da sua gente”, defendeu Kris Peeters à Radio 1. “Temos de esperar a sua comunicação e manter a cabeça fria. As próximas horas deverão trazer alguma clarividência”, reforçou.