Nos dois últimos dias trouxemos-lhe as principais novidades da exposição de automóveis suíça, por onde desfilaram todo o tipo de novidades, dos mais pequenos e acessíveis aos desportivos mais possantes e exuberantes, passando por muitos outros que misturavam luxo e raça em doses tão equilibradas, que só por manifesta falta de tempo, ou de dinheiro, não terão mais clientes no seu encalço.

Mas, apesar de termos realçado as novidades mais sumarentas, aquelas que marcaram o certame, a verdade é que ficaram por mencionar veículos impressionantes, em potência e eficácia, revelando o melhor que a indústria automóvel tem para oferecer. Por isso mesmo, venha daí e, na nossa companhia, dê uma volta rápida por seis dos modelos mais marcantes de que ainda não lhe falámos.

McLaren Senna GTR Concept

O fabricante britânico revelou em Genebra o sucessor do McLaren F1 GTR. Ainda é um protótipo e daí o “Concept” que integra a denominação, mas o McLaren Senna GTR está pronto a ser produzido em série. Em pequena série, pois só serão fabricadas 75 unidades.

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O Senna GTR é um “animal” de competição, visando tornar-se num dos mais eficazes e rápidos carros de GT nas corridas que se aproximam. A marca não avança com valores específicos, mas tranquiliza os fãs – e os potenciais interessados – que podem contar com pelo menos 836 cv, deixando a promessa de que será mais veloz do que o Senna standard, homologado para circular em estrada.

O Senna GTR é como o piloto que lhe cede o nome, pois também Ayrton era um homem mais virado para as curvas, travagens e acelerações antes dos concorrentes, do que propriamente para velocidade máxima em linha recta. Para as curvas, o GTR conta com um splitter, o lábio inferior à frente que o cola (literalmente) ao solo, o mesmo acontecendo na traseira, onde o imenso extractor puxa o ar que passa debaixo do chassi, criando uma depressão que faz o Senna aderir ao solo como pastilha elástica. E ainda tem a generosa asa sobre a traseira. No total, são 1.000 kg de apoio aerodinâmico extra, o que praticamente permite ao McLaren rodar à velocidade máxima no tecto de um túnel – se fosse possível, claro está –, sem cair.

Esta impressionante máquina de competição vai ser vendida por 1,1 milhões de euros e, como não tem matrícula, dispensa uma série de impostos adicionais.

Aston Martin Valkyrie AMR Pro

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Outra máquina de corrida que, de tão sofisticada e potente, faz o Senna GTR parecer um pequeno brinquedo. Assinado por Adrian Newey, o mago da engenharia que “deu” quatro títulos consecutivos de Fórmula 1 (F1) à Red Bull, o Aston Martin Valkyrie vai disputar o título do superdesportivo mais eficaz do momento. E vai fazê-lo contra o Mercedes-AMG One, marca com quem já se digladia no Campeonato do Mundo de F1, pelo que já estão habituados.

Mas o modelo que foi agora apresentado em Genebra é um Valkyrie diferente, pois trata-se não de uma das 175 unidades homologadas para rodar em estrada, mas sim de uma das 25 destinadas exclusivamente à competição em pista. E daí que, à frente de Valkyrie, surja o AMR Pro. Segundo o construtor, a versão para corridas monta o mesmo 6.5 V12 atmosférico produzido pela Cosworth, com a Aston Martin a prometer mais de 1.115 cv (fala-se mesmo em 1.145 cv), a que surge associado um sistema KERS, tipo F1, mas aqui produzido pela Rimac, aquela marca croata que apresentou em Genebra o C_Two. A velocidade máxima está nos 362 km/h, devido ao muito apoio aerodinâmico que a versão AMR Pro possui, todo ele conseguido sem recurso a grandes asas, pois Newey é um especialista da aerodinâmica e o chassi que concebeu para o Valkyrie parece uma asa invertida. A poucos meses de conhecermos a versão definitiva, Adrian Newey diverte-se a afirmar que “apesar de já conhecerem muitos segredos do Valkyrie, não os sabem todos e garanto que alguns dos que ainda estão para vir vão deixar muitos de boca à banda”.

Hennessey Venom F5

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Está quase. O fabricante americano Hennessey, que poucos conhecem, está há anos a desenvolver o Venom F5, um superdesportivo impressionante que promete “só” 483 km/h. Sob a batuta de John Hennessey, uma das últimas versões do F5 visitou Genebra, já muito próximo do produto final. Sabe-se que um certamente generoso V8 biturbo fornecerá mais de 1.600 cv, a que vai estar acoplada uma caixa manual, ou automática em opção, o que será suficiente para impulsionar o carro até aos 483 km/h, o que equivale a 300 milhas por hora e todos sabemos como os americanos gostam de números redondos.

Um dos trunfos do Venom  F5 é o seu baixo peso, inferior a 1.360 kg, sensivelmente o mesmo do Koenigsegg Agera RS, que tem batido todos os recordes de velocidade e arranque. E a Hennessey já está habituada a grandes velocidades, pois o Venom GT já batia nos 435 km/h.

Com o F5 praticamente pronto, é bem possível que Hennessey esteja à espera que a Bugatti anuncie os valores para a velocidade e arranque do Chiron Sport que também apresentou em Genebra, para depois “esticar” o F5 até este conseguir igualar e, se possível bater, o rival francês.

Techrules Ren RS

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Ora aqui está um eléctrico, que é a diesel. Estranho? Nós explicamos. O Ren RS é um “avião” eléctrico, isto porque conta com seis motores accionados pela electricidade que acumula na bateria, para se mover. E potência não lhe falta pois, tudo junto, tem 1.305 cv. E se vamos ser picuinhas, é bom mencionar igualmente o disparatado binário de 2.340 Nm.

Com esta cartão-de-visita, a Techrules garante 0-100 km/h em 3 segundos e uma velocidade máxima de 330 km/h, tudo valores mais que respeitáveis, que colocam o Ren RS no topo da cadeia alimentar, no que toca a superdesportivos amigos do ambiente. Mas o construtor quis poupar nas baterias, não sob o ponto de vista económico, mas sim do peso, algo de que os desportivos não gostam particularmente. Assim, o Ren RS conta apenas com uma bateria de 28,4 kWh, o que é mais ou menos metade do que possui um Renault Zoe. Um veículo notável, mas que dificilmente foi concebido para impressionar nas acelerações.

Ora este cocktail de muita potência com pouca capacidade de bateria implica uma limitação grave, porque ou o Techrule tem de estar ligado a um posto de carga a cada 15 minutos, ou tem de transportar um gerador a bordo, para ir carregando a bateria, enquanto impressiona toda a gente com o poder de aceleração. O fabricante optou obviamente por esta última solução, pelo que o Ren RS está equipado com duas turbinas diesel, apenas com a função de recarregar a bateria. Digamos que é um eléctrico que polui que se farta.

É certo que as turbinas são particularmente eficientes se trabalharem a um ritmo constante e não gostam nada de acelerar ou desacelerar constantemente, pelo que até podem ter um desempenho minimamente interessante. Segundo a Techrules, o Ren RS carrega com um depósito de 80 litros de gasóleo, o que lhe permite percorrer 1.170 km entre abastecimentos, o que dá uma média de 6,8 l/100km. Como o Ren RS é, acima de tudo, uma versão de pista, poderá ser um veículo interessante para provas de resistência. Se bem que, em ritmo de competição, as turbinas deverão consumir um pouco mais de diesel.

Corbellati Missile

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Esqueça o Corbellati, o nome do construtor, e concentre-se no modelo, Missile. Pois é disso mesmo que se trata. O superdesportivo da Corbellati é um míssil e dos bons. Monta um 9.0 V8 – leu bem, nove litros de capacidade, para fazer inveja a muitos camiões que há por aí – e usufrui dos seus 1.825 cv, o que, convenhamos, impressiona até um defunto.

Não espanta, por isso, que a Corbellati anuncie 498 km/h – o que o fabricante não estaria disposto a pagar para conseguir aqueles 2 km/h que lhe faltam –, com a potência a ser colocada no solo com a ajuda de uma caixa de seis velocidades. A curiosidade é que os cavalos passam apenas através das rodas traseiras, o que transforma este superdesportivo no veículo ideal para ir brincar para uma estrada molhada (e desligar o controlo de tracção).

Se nunca ouviu falar da Corbellati é porque não compra jóias com regularidade, pois os donos da empresa estão mais que habituados a produzir obras de arte, mas daquelas que se põem ao pescoço ou nos dedos. O Missile surpreende pelas linhas arredondadas, agora que a moda passa por soluções com ângulos e arestas, e assume um certo ar rétro, que o torna diferente, mas não menos interessante.

Italdesign Zerouno Duerta Roadster

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O Zerouno já nos tinha apaixonado com a sua versão coupé, de carroçaria fechada, mas agora que surgiu aberto e descapotável, ficámos na dúvida. Nós e muitos dos seus potenciais clientes, que agora ficarão divididos perante as duas opções. Mas é com isso mesmo que a Italdesign está a contar, pois para eles, coupé ou Roadster, importa é que o cheque seja passado à empresa.

Sob este carro de sonho está, curiosamente, um Audi R8, em termos de chassi e mecânica, mas não de carroçaria, em virtude da nova “pele” em fibra de carbono que o reveste. Lá dentro é possível encontrar o 5.2 V10 do Audi, que até tem origem na Lamborghini, numa versão de 619 cv, o que permite ao Duerta Roadster atingir 320 km/h.

Se está interessado em comprar, saiba que a Italdesign está igualmente muito entusiasmada perante a possibilidade de vender, mas não deixa de exigir 1,9 milhões de euros. E garante que, só por azar, se vai cruzar um dia com um Duerta Roadster parecido ao seu.