O homicida da jornalista sueca Kim Wall foi hoje condenado a prisão perpétua. Peter Madsen, o inventor dinamarquês, que assassinou a jornalista de 30 anos no submarino que ele próprio construiu, foi hoje condenado a passar o resto da sua vida na cadeia. Para além de ter assassinado a jornalista, Peter Madsen também desmembrou e abusou sexualmente de Kim Wall. O caso remonta ao verão de 2017.

Hoje, um tribunal dinamarquês considerou ter havido premeditação de crime. Anette Burko, a juíza que presidiu o jugamento, salientou que o facto de  Madsen ter levado com ele para o submarino as ferramentas usadas para subjugar e matar Kim Wall mostram que havia uma intenção prévia de cometer o crime. Por outro lado, sublinhou, há provas que evidenciam que Madsen fez pesquisas sobre como cometer assasinatos e fazer desmebramentos na internet.

No final do julgamento, a advogada de Peter Madsen, de 47 anos, anunciou que o seu cliente irá apelar do veredito. A data limite para apresentar recurso é 9 de maio.

O Ministério Público tinha pedido prisão perpétua para o inventor por tortura, homicídio e profanação de cadáver da jornalista. Ao tribunal apresentou vários pareceres psiquiátricos que consideravam o réu um “perverso polimorfo” com “risco elevado de reincidência”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A autópsia revelou também as várias lesões internas e exernas foram inflingidas enquanto a jornalista ainda estava viva. Por outro lado, as lesões na zona genital mostram haver natureza sexual no crime.

A cronologia dos eventos

Peter Madsen foi detido pelas autoridades em agosto do ano passado quando regressava ao porto de Copenhaga no seu submarino, sem se fazer acompanhar pela jovem de 30 anos, com quem havia embarcado no dia anterior. A 10 de agosto, Wall subira a bordo do UC3 Nautilus para entrevistar o inventor e construtor do submarino de 18 metros de largura. Nunca mais foi vista.

Onze dias depois da jornalista ter entrado no submarino com o seu homicida, um torso é encontrado no mar perto de Copenhaga, Dinamarca. Dois dias depois, a 23 de agosto, chega a confirmação: o ADN é de Kim Wall. Não restam dúvidas de que a jornalista está morta.

Kim Wall, a jornalista morta num submarino e atirada ao mar em partes. A cronologia do caso

A 5 de setembro, o inventor dinamarquês é ouvido em tribunal e conta a sua primeira versão da história: Kim Wall morreu acidentalmente, devido a uma pancada da escotilha do navio. Assume que se terá livrado do corpo, atirando-o para a baía de Koge.

Mais tarde, Madsen voltaria a mudar a sua versão da história, dizendo que afinal a jornalista teria morrido por inalação de dióxido de carbono.

Quase um mês depois, a 4 de outubro, a polícia descobre provas fundamentais para condenar Madsen. No seu computador, há vídeos da jornalista a ser torturada, decapitada e morta. Nas imagens, não restam dúvidas de que o homicida é Madsen.

Suspeito de matar jornalista sueca tinha vídeos de mulheres torturadas e decapitadas

Ao mesmo tempo, como escreveu o Observador na altura, os resultados da autópsia revelam que Kim Wall tinha 15 feridas no peito. A 7 de outubro, a polícia acaba por encontrar no mar novas partes do cadáver: a cabeça, duas pernas e roupas da vítima dentro de sacos de plástico.

A 22 de novembro, o braço direito da jornalista é encontrado por mergulhadores. Sete dias depois, encontram o braço esquerdo.