Tanto em Bruxelas como em São Bento houve luz verde. A partir de setembro, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pagar prémios aos seus trabalhadores com base no mérito e desempenho. A medida passou pelo crivo do Governo e da Comissão Europeia quando estava a ser negociada a recapitalização do banco público. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo Público, que dá ainda conta de que os sindicatos não foram ouvidos.

A medida não encontrou resistência nas autoridades nacionais e europeias porque se encontra dentro da lógica de tornar a CGD mais competitiva, obedecendo às regras que regem o setor privado. A pauta que tem seguida pela administração de Paulo Macedo.

Os prémios em causa podem ir dos 500 aos 3.000 euros e serão entregues com base em critérios subjetivos como o mérito, a assiduidade ou o empenho. A seleção dos trabalhadores será feita pelas chefias, que terão poder para avaliar quem merece este incentivo. A iniciativa já tinha sido anunciada na semana passada.

Caixa distribui prémios pelos trabalhadores

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Estas novidades surgem numa altura em que a administração do banco público e os seus trabalhadores estão de costas voltadas. Isto porque está em curso uma renegociação salarial, no âmbito do novo Acordo de Empresa que está a ser preparado para estabelecer novas diretrizes para o banco. É precisamente por surgir neste contexto que os sindicatos estranham o timing dos anúncios.

Ouvidos pelo Público, os sindicatos dos trabalhadores da CGD dizem ter ficado surpreendidos com a medida, já que não foram auscultados em nenhum momento do processo sobre a implementação desta nova regra. “A atribuição de um bónus aos trabalhadores ultrapassa os sindicato”, disse àquele jornal o presidente do Sindicatos dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC), João Lopes.

Mais do que estarem preocupados com a medida, os sindicatos preferem concentrar-se nas negociações do Acordo de Empresa. Estranham a proposta, temem a divisão que possa criar entre os trabalhadores e não deixam de levantar dúvidas sobre o contexto em que foi feito o seu anúncio, mas não querem cair em potenciais manobras de distração. A prioridade para os trabalhadores é garantir que a maior parte das suas reivindicações entra no novo acordo que está a ser negociado para o banco público.