Foi a primeira mulher a assumir o mais alto cargo político do estado federado do Sarre: ministra-presidente. Já está no partido há quase quatro décadas. Ingressou na União Democrata Cristã (CDU), em 1981. Era ainda uma estudante de 19 anos. Depois de terminar o mestrado em ciência política, começou a ocupar cargos políticos a nível regional. Esta sexta-feira, aos 56 anos, foi eleita líder do CDU, sucedendo Angela Merkel. Annegret Kramp-Karrenbauer poderá assim tornar-se a próxima chanceler alemã, caso vença as eleições, em 2021.

A sucessora de Merkel, que segue a sua linha política, estava entre os dois candidatos favoritos à liderança do partido e era também a favorita da ainda chanceler alemã — Merkel planeia cumprir o seu mandato por inteiro e, por isso, continuar a ser chanceler até 2021. É apelidada de “mini Merkel”, mas recusa ser assim chamada:

Tenho 56 anos, criei, com o meu marido, três filhos, e há 18 anos tenho responsabilidades governativas. Não tenho nada de ‘mini’. A um homem de 56 anos ninguém chamaria isso”, afirmou antes de ser escolhida para liderar o partido.

No discurso de vitória, disse abertamente que tem “lido muito” sobre o que têm escrito sobre ela — “sobre o que sou e quem sou: mini, uma cópia, apenas mais do mesmo“. E afirmou: “Caros delegados, coloco-me diante de vós tal como sou e como a vida me fez, e tenho orgulho disso”. “Aprendi que a liderança tem mais a ver com a força interior do que com o barulho que se faz no exterior”, disse ainda.

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A sucessora de Merkel, que segue a sua linha política, estava entre os dois candidatos favoritos à liderança do partido (Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images)

Quis ser professora. É fã assumida dos AC/DC e de futebol, chegando mesmo a fazer parte do Conselho de Curados da FIFA para o Mundial de Futebol Feminino — que em 2011 se realizou na Alemanha. É católica e fala francês, dedicando o seu tempo livre a aperfeiçoar a língua. Afinal, quem é a sucessora de Merkel que recusa ser chamada de ‘mini’?

AKK, como também é conhecida, era secretária-geral do partido que agora lidera — cargo que ocupava desde fevereiro. Foi convidada pela própria Merkel — a ainda chanceler alemã, já que planeia cumprir o seu mandato por inteiro e, por isso, continuar a ser chanceler até 2021 — e eleita pela quase totalidade dos delegados. Annegret Kramp-Karrenbauer conquistou 98,87% dos votos.

O fim de uma era. Há vida depois de Merkel?

Antes, conquistou cargos políticos que nunca outra mulher tinha conquistado no estado federado do Sarre, no sudoeste da Alemanha — onde cresceu no seio de uma família católica. Em 2000, assumiu a pasta estadual da administração interna, quando Peter Müller era o ministro-presidente de Sarre. Tornou-se a primeira mulher a assumir esse cargo. Tal viria a acontecer em 2011, quando se tornou a sucessora de Peter Müller. Durante sete anos, até 2018, foi ministra-presidente do estado federado do Sarre, onde cresceu.

AKK foi convidada pela própria Merkel para o cargo de secretária-geral do partido (Foto: Sean Gallup/Getty Images)

É vista como uma política pragmática e equilibrada e conhecida pela sua perspicácia. AKK apoia a política de refugiados de Merkel e tem uma posição liberal sobre os direitos das mulheres. Mas também já expressou opiniões mais conservadoras: tem uma visão tradicional sobre a igualdade no casamento e defende que sejam dados direitos totais de adoção a casais do mesmo sexo. “A mini Merkel” é também a favor de restabelecer o serviço militar durante um ano. AKK questionou o direito dos turcos — a maior comunidade de imigrantes do país — de manter dupla nacionalidade alemã e turca.

Atualmente, vive ainda na sua cidade natal de Püttlingen, com o seu marido, Helmut Karrenbauer, que deixou o emprego de engenheiro de minas para cuidar dos três filhos do casal para deixar AKK seguir uma carreira política.