No clássico em que o grego Samaris chegou aos 100 jogos na Liga Portuguesa, foram os portugueses a brilhar e os miúdos do Benfica a mostrar que a idade não é um posto no futebol. As águias entraram em campo com o onze mais jovem a alinhar frente ao FC Porto desde 2001 (quando empataram 0-0) – eram 24,64 anos para os 28,82 dos azuis e brancos. Quando deixaram o campo, já eram o onze benfiquista mais novo a ganhar no Estádio do Dragão em 42 anos.

A equipa com amor ao clube caiu aos pés do miúdo que ama o futebol (a crónica do FC Porto-Benfica)

Os 42 anos, aliás, fizeram-se notar por outra razão. Em 1977, Fernando Chalana garantia a vitória do Benfica frente ao FC Porto por 1-0. Tinha 18 anos e três meses e marcava pelo terceiro clássico consecutivo. Ainda rolava a bola e já se sabia que João Félix não ganhava a Chalana, mas tornava-se no mais jovem a repetir o feito, 42 anos depois. Melhor do que os dois só Guilherme Espírito Santo, que com 17 anos e seis meses havia de marcar em quatro clássicos seguidos, em 1937.

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Quando João Félix era capitão do FC Porto: as histórias do miúdo que “sempre quis, sempre quis, sempre quis”

O golo de João Félix (que empatou a partida a um) foi o primeiro frente ao FC Porto, mas aliou-se aos dois golos já marcados esta época ao Sporting para o tornar no melhor marcador das águias nos clássicos de 2018/19. Mais: fez o que nenhum jogador fazia desde Mitroglou em 2015/16 (marcar a FC Porto e Sporting CP) mas na dificuldade máxima: marcou em casa dos dois adversários – feito que não se repetia desde 2002/03 (Tiago). O jovem avançado do Benfica, que tem deixado Jonas no banco das águias, ainda ultrapassou estatisticamente o ponta de lança brasileiro. Jonas leva dois golos em 12 clássicos. a João Félix bastaram cinco partidas para marcar por três vezes.

O golo da reviravolta (2-1), chegou pelos pés de Rafa Silva, que aos 25 anos tem a época mais goleadora da carreira: precisou de 31 jogos para marcar por 13 vezes. No Braga, na época de 2015/16, 50 jogos só deram para 12 golos. A marca de Rafa valeu a vitória (a nona seguida para os encarnados de Bruno Lage) e o melhor ataque do Benfica em sete anos, ao fim da 24.ª jornada. Com 66 golos, o Benfica distancia-se como a equipa que mais marca na Primeira Liga, à frente dos 48 golos do FC Porto e dos 44 do Sporting.

Ao ganhar o clássico as águias venceram em Alvalade e no Dragão na mesma época, para a Liga Portuguesa, pela primeira vez em 28 anos – foi a sétima vez na história do clube – e voltaram a bater o FC Porto na primeira e na segunda volta do Campeonato após 13 anos. 43 anos depois uma vitória do Benfica em casa dos dragões voltou a fazer-se por reviravolta e 42 anos depois foi com os golos de dois portugueses.

Com a primeira vitória no dragão desde 2015/16, o Benfica fez brilhar os miúdos da formação, os portugueses do onze, o coletivo de Bruno Lage, e ainda se tornou no líder isolado do Campeonato português (com mais dois pontos do que os campeões nacionais). Um ano depois as águias estão no topo da Primeira Liga, e, após estarem a nove pontos de distância do primeiro lugar, dependem apenas de si para a conquista da Liga 2018/19. Se o fizerem reforçam outro recorde que têm em mãos: o maior número de ligas portuguesas conquistadas (37).