Entalados entre os Primal Scream e os Vampire Weekend, os norte-americanos Greta Van Fleet não eram necessariamente a banda de rock mais esperada da noite. Formados há apenas sete anos no Michigan e com uma curta discografia de dois EPs e um álbum de estúdio, lançados em 2017 e 2018, a banda dos irmãos Josh, Jake e Sam Kiszka e do amigo Danny Wagner podia talvez passar despercebida aos menos atentos (apesar de ultimamente andarem na boca do mundo com a nomeação para os Grammys e as comparações sucessivas com Led Zeppelin), não tivesse tido direito ao palco principal do NOS Alive. Felizmente, não foi isso que aconteceu. Apesar da concorrência pesada, os Greta Van Fleet brilharam com um concerto intenso, cheio de grandes temas que têm tudo para um dia se tornarem em grandes clássicos.

Desde o lançamento do primeiro EP, Black Smoke Rising, que os norte-americanos Greta Van Fleet têm vindo a ser comparados com os ingleses Led Zeppelin. A banda já admitiu a influência, que é óbvia logo após o primeiro contacto, mas talvez exagerada quando se usa termos como  “os novos Led Zeppelin”. Até porque Led Zeppelin há só uns, e se há alguma coisa que se pode chamar ao grupo do Michigan, é revivalista. O seu som faz lembrar o melhor que os anos 60 e 70 criaram, mas não necessariamente uma banda em específico. Sim, é verdade que o vocalista Josh Kiszka tem qualquer coisa de Robert Plant e também é verdade que este é uma influência — ele já o admitiu —, mas usar isso para descrever a sonoridade de uma banda que vai além disso é, no mínimo, redutor. Um grupo capaz de dar um concerto como o que os Greta Van Fleet deram nesta noite de sexta-feira não pode ser apenas um grupo de versões. Tem de ser mais alguma coisa e, sobretudo, ter alguma coisa de especial. E os Greta têm-no sem sombras de dúvidas.

Com um primeiro álbum de originais lançado no verão de 2018, o espetáculo desta sexta-feira foi naturalmente centrado em Athem of the Peaceful Army. Ouviram-se temas como “Watching Over” e “Lover, Leaver”, intercalados por momentos puramente instrumentais criados para evidenciar a qualidade dos músicos, e também canções mais antigas, como “Flower Power”, uma das favoritas do vocalista Josh e uma das primeiras que os Greta Van Fleet compuseram. Durante o concerto, que começou por volta das 21h20 e que terminou perto das 23h, houve solos de bateria (logo após o segundo tema), solos de guitarra, à frente e atrás das costas, e tudo aquilo que um concerto de rock deve ter. Potentes e coesos do primeiro ao último minutos, os Greta Van Fleet mostraram, que apesar de jovens, não estão para brincadeiras e que podemos esperar coisas grandes deles. A despedida fez-se num rompante, e deixou os muitos fãs das primeiras filas a ansiar por mais. Resta esperar que, depois desta estreia em território nacional, os Greta voltem depressa.

Numa entrevista dado no início deste ano, os Greta Van Fleet sugeriram que talvez tivesse a introduzir “uma nova geração de rock ’n’ roll”. O seu som pode fazer lembrar o passado, mas os irmãos Kiskza e companhia querem levá-lo mais longe, para o futuro. Aqueles que dizem que o rock está morto, talvez devam reconsiderar. Pelo menos no caso dos Greta Van Fleet, está vivo, de boa saúde e recomenda-se.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR