Falta uma semana para Theresa May deixar de chefiar o governo britânico. No mesmo dia em que os dois candidatos a ocupar o seu cargo fazem o último debate, Theresa May teceu duras críticas à atual situação política, não só no Reino Unido, mas no mundo. Theresa May, na Chatham House, em Londres, afirmou que os políticos perderam “a capacidade de discordar honrosamente”, o que fez o debate político descer a níveis “de rancor e lutas tribais”. Para a líder do governo britânico, este é “um século crucial” no que diz respeito à política que é, neste momento, “um assunto para preocupação séria”.
“Estou preocupada com o estado a que a política chegou e percebi que os valores que dávamos como garantidos podem não estar, afinal de contas, assim tão garantidos. Há razões para preocupações sérias”, afirmou Theresa May acrescentando que a “herança liberal pode estar comprometida”.
A chefe do governo britânico aproveitou o discurso para voltar à temática que está a ensombrar a Europa, a ascensão da extrema-direita: “O absolutismo infesta a política por todo o mundo. O absolutismo, aqui em casa e no estrangeiro, é o oposto de políticas de sucesso”, disse May, acrescentando que “é preciso encontrar pontos em comum para se chegar a compromissos, o que não significa que se abandonem princípios”.
Sobre o longo processo do Brexit — que levou mesmo a que a primeira-ministra se demitisse depois de ver chumbado pela terceira vez pela Câmara dos Comuns o acordo negociado com a União Europeia para a saída do Reino Unido —, Theresa May diz que é necessário “compromisso para resolver o impasse”.
Segundo May, há aqueles que preferem o Brexit sem acordo e o Brexit com acordo (aquilo que May defende), mas o problema esteve nos partidos que “retomaram as posições binárias que tinham antes do referendo”.
Não querendo fazer comentários sobre a disputa da liderança do Partido Conservador, entre Boris Johnson e Jeremy Hunt, Theresa May foi categórica ao afirmar que “cabe ao seu sucessor decidir como irá o Reino Unido sair da União Europeia”, insistindo numa saída com acordo.
No Twitter, as vozes críticas não se demoraram a atacar a ainda primeira-ministra britânica, afirmando que a pessoa que mais precisava ouvir o discurso de hoje — sobre absolutismo e compromisso — era a Theresa May de 2016.
Theresa May failed to unite the country, but in her last speech as PM she managed to unite different corners of politics Twitter against her. Unprecedented. pic.twitter.com/baimwwGvAh
— Ashley Cowburn (@ashcowburn) July 17, 2019