Assim que Patrick Crusius entrou naquela área comercial da Walmart de El Paso, no estado norte-americano em El Paso, e abriu fogo, Jordan Anchondo debruçou-se sobre o seu bebé de apenas dois meses e apenas desejou que não ficasse ferido. Ela perdeu a vida, ele sobreviveu. Naquela manhã de sábado, no mesmo espaço, um militar fora de serviço teve instinto idêntico. Ao ouvir os disparos avistou uma série de crianças a correr sem os pais e começou a tentar salvar os que conseguiu. Depois da tragédia, à qual se seguiu uma outra no estado de Ohio, estas são as duas histórias que estão a circular na imprensa internacional.

Jordan Anchondo, a mãe que salvou o seu bebé, é um dos nomes na lista das 22 vítimas mortais do tiroteio que aterrorizou os clientes de um supermercado da cadeia Walmart em El Paso. A mulher de 25 anos morreu ao tentar proteger o filho de apenas dois meses que, apesar dos ferimentos, conseguiu sobreviver. O seu marido está ainda desaparecido.

Leta Jamrowski, de 19, soube da morte da irmã na mesma tarde do massacre: Jordan Anchondo estava a fazer compras para o regresso às aulas quando se deu o ataque — o principal suspeito, de 21 anos, entregou-se às autoridades. À Associated Press, Jamrowski contou que o sobrinho, de apenas dois meses, está internado no University Medical Center of El Paso com alguns ossos partidos, resultado da mãe que terá caído sobre ele de forma a protegê-lo.

“Dados os ferimentos do bebé, eles [os médicos] dizem que o mais provável é que a minha irmã tenha tentado escudá-lo”, disse Leta Jamrowski. “Quando ela foi atingida estava a segurá-lo e caiu sobre ele, é por isso que ele partiu alguns dos seus ossos. O bebé sobreviveu porque ela deu a vida por ele”, continuou. Anchondo era mãe de três crianças.

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Jamrowski continua sem saber do paradeiro do seu cunhado, Andre Anchondo, e passou a última noite à espera de notícias dele. “Eles dizem que, se ele estivesse vivo, o mais certo era já ter entrado em contacto”, comentou ainda à Associated Press.

Esta não é a única história de atos heroicos: Glen Oakley está agora a ser apelidado do “herói” nas redes sociais. O militar que estava fora de serviço e a fazer compras no Walmart quando o tiroteio começou. Aos jornalistas contou como tentou agarrar em várias crianças “aterrorizadas” enquanto tentava fugir do ataque com vida.

Segundo o relato do próprio, citado em vários meios internacionais, Oakley segurou imediatamente na arma que tinha consigo quando ouviu os primeiros disparos, mas depressa a atenção voltou-se para as crianças que surgiram diante dele. À MSNCB disse: “Vejo um monte de crianças a correr sem os pais. Tenho a minha mala na mão e estou a tentar agarrar o máximo de crianças que consigo enquanto fujo. Elas estão tão nervosas, estão a fugir das minhas mãos.”

Patrick Crusius, de 21 anos, é suspeito de ter assassinado pelo menos 22 pessoas num tiroteio nas imediações de um centro comercial em El Paso, no estado norte-americano do Texas, no sábado. Uma hora e meia antes do ataque que deixou ainda 26 feridos, o jovem publicou um manifesto na internet em que assegurava que ia dar “uma resposta à invasão hispânica no Texas”. “O meu objetivo era matar o maior número possível de mexicanos”, é uma das frases declaradas por Crusius após ter sido detido pelas autoridades.

Patrick e Connor. Quem são os dois jovens que roubaram a vida a 32 pessoas em dois ataques nos EUA?

Três das vítimas mortais e pelo menos sete dos feridos são mexicanos, sendo que a zona onde ocorreu o tiroteio — o primeiro de dois ataques no espaço de 24 horas, os quais fizeram um total de 30 mortos — é muito frequentada por pessoas que cruzam a fronteira para fazer compras.