As análises preliminares à carne comercializada sob uma marca branca, proveniente da mesma fábrica da “La Mechá” que foi identificada como a origem do surto de listeriose que está a afetar Espanha, deram resultado positivo. Só na sexta-feira, seis dias depois de ser decretado o alerta sanitário, as autoridades espanholas conseguiram chegar à carne comercializada sob uma marca branca para a analisar e retirar do mercado.

A empresa Magrudis, que vende a marca La Mechá, terá produzido também carne para a marca branca vendida por Comercial Martínez León e as análises preliminares mostram agora que o produto também está contaminado com a bactéria listeria.

Espanha. Empresa que comercializava carne com listeriose vendeu produtos a marca branca

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O governo andaluz só teve conhecimento que havia carne da empresa Magrudis a ser comercializada sob uma marca branca na quarta-feira, depois de um proprietário de uma loja em Brenes (Sevilha) ter comentado com um inspetor da junta que tinha vendido carne da empresa Magrudis sem saber. O alerta chegou de um responsável da Comercial Martínez León, que terá ligado ao comerciante para que retirasse o produto de venda. Os responsáveis da Câmara de Sevilha entraram nas instalações da empresa na sexta-feira, sem conseguir localizar o dono — que está a gozar o período de férias.

Fontes do município garantiram ainda, de acordo com o El País, que os clientes da empresa Comercial Martínez León foram todos notificados pelo proprietário, apesar de não ter sido confirmado o dia em que o aviso foi feito. Não se sabe, no entanto, quantos dias esteve disponível para venda a carne que também deu resultados positivos para listeria.

Carne vendida a marca branca está mal rotulada

A carne de “La Mechá” que foi comercializada como uma marca branca pela empresa Comercial Martínez León está mal rotulada, informou a Junta da Andaluzia à Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan), pertencente ao Ministério da Saúde.

Tal é confirmado pelo mais recente relatório da Agência sobre o surto causado pela bactéria listeria, que afeta mais de 200 pessoas e causou pelo menos uma morte — uma segunda está a ser investigada, a de uma pessoa em estado terminal com a presença da bactéria.

No relatório, a Aesan afirma ter conhecimento, através da Junta, de que se trata de um produto comercializado “sem qualquer marca registada”, o que implica “uma grande deficiência de comercialização e rotulagem”.

A Junta confirmou que o produto tem a mesma apresentação que o comercializado pela Magrudis, mas não aparece no rótulo nenhuma marca, apenas a informação nutricional, segundo a Aesan.

Para a saúde, isto é “uma deficiência gravíssima”, porque a rotulagem incorreta permite a comercialização deste produto – quando não deveria permitir – e impossibilita o consumidor de o associar ao produto da Magrudis ligado ao surto, mesmo tendo sido objeto de um alerta emitido a 16 de agosto.

Segundo os técnicos do Ministério, na situação atual do surto, esta deficiência tem “uma importância muito especial para a saúde” e pode ser entendida como uma prática “não padronizada” vender ao consumidor final um produto destinado a canais profissionais, o que acarreta um “risco inegável para a saúde”.

As autoridades de saúde da Andaluzia também informaram o Ministério de que contactaram as empresas-alvo destes produtos, que foram imobilizadas para impedir a venda do que é “um produto com um risco grave para os consumidores”.

Perante essa situação, a Aesan insiste na importância de adquirir apenas produtos corretamente rotulados, nos quais seja possível saber quem é o responsável por colocá-los no mercado.

No caso de produtos de carne destinados ao consumidor final, recorda que é necessário que a rotulagem contenha uma marca oval que inclua o número de registo sanitário do estabelecimento responsável.

Na sexta-feira, a investigação da listeriose foi estendida a outros doze produtos da Magrudis, bem como ao item de carne distribuído à Comercial Martínez León, que o comercializou logo como marca branca.

A Aesan também estendeu o alerta de surto, ou seja, vigilância e atenção sobre outros doze produtos da marca “La Mechá”, contabilizando já um total de 17.

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