O livro que Olivier Rolin escreveu parcialmente em Cascais, onde esteve durante três meses numa residência literária, vai ser publicado esta quinta-feira em Portugal e em França. Peregrinação foi o título escolhido pelo autor para a edição portuguesa do livro, que no original em francês se chama Extérieur Monde. Trata-se de uma homenagem à literatura e à língua portuguesas, explicou a editora Sextante.

No seu novo livro, que começa e termina nos Açores, Rolin cruzou “dezenas de histórias e de viagens” num “novelo de lirismo, espanto, paixão e compaixão, amor pela literatura”, referiu a Sextante. Em entrevista ao Observador em dezembro do ano passado, quando se encontrava em Cascais — onde viveu e trabalhou durante três meses no âmbito de uma residência literária promovida pela Fundação Dom Luís I, que este ano já trouxe à vila o escritor norte-americano Michael Cunningham –, o autor explicou que a narrativa daquilo que se viria a tornar Peregrinação estava a ser construída com base nos 60 cadernos que escreveu nos últimos 30 anos.

“Dentro deles há muitas histórias de pessoas, retratos que escrevi um pouco por todo o mundo. Estou a tentar fazer um retrato do mundo a partir dessas histórias, mas que seja também um retrato de mim. É mais ou menos isso que tenho estado a fazer. Não é fácil”, admitiu Olivier Rolin.

Recorrendo a uma frase de Jorge Luis Borges, Rolin descreveu o livro que estava a escrever da seguinte forma: “Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naus, de ilhas, de peixes, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto”, citou.

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Na altura, o autor francês admitiu ainda que Portugal era “provavelmente” o país de que mais falava, uma afirmação que poderá ser comprovada a partir de dia 29 de agosto, quando o livro chegar às prateleiras das livrarias portuguesas.

Olivier Rolin: “Escrevemos sempre contra a morte de alguma coisa. A morte é um grande adversário”