O presidente da Walmart, Doug McMillon, anunciou nesta terça-feira que a cadeia de supermercados vai deixar de vender munições e armas geralmente utilizadas em tiroteios nos Estados Unidos, além de proibir os clientes de levarem armas à vista nas instalações dos supermercados.

A decisão surge depois de dois tiroteios que mataram 24 pessoas nos dias 4 e 8 de agosto, em El Paso, Texas, e Southaven, Mississipi e que aconteceram nas imediações dos supermercados do Walmart.

EUA. Em menos de 24h, dois tiroteios resultaram em 32 mortos e mais de 40 feridos

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Quase um mês depois, McMillon anuncia que o Alaska vai parar de vender armas semi-automáticas, único Estado norte-americano que ainda comercializava este tipo de produto nas lojas do Walmart, além de interromper o reforço dos ‘stocks’ existentes de munições para armas semi-automáticas de calibre 5,56 em todo o território norte-americano.

Desde 2015 que a empresa não vendia armas de estilo militar e semi-automáticas nos outros estados, embora quase metade das 4.740 lojas desta grande cadeia de supermercados nos EUA comercializarem outros tipos de armas.

A decisão desagradou a alguns defensores do porte de armas que, segundo o jornal norte-americano Washington Post, apareceram em alguns mercados do Walmart com armas à cintura, num protesto silencioso para que as políticas da empresa não fossem mudadas.

O Walmart é atualmente responsável por 20% do mercado de armas no país, mas declarou que este número pode chegar ao mínimo de 6% depois da nova medida. Espingardas e munições geralmente utilizadas na caça e na prática de tiro ao alvo continuarão a ser vendidas.

O representante de um dos maiores vendedores de armas de fogo no país disse a vários orgãos de comunicação social estrangeiros que o status-quo da venda deste tipo de produto é “inaceitável”. E reiterou ao jornal francês Le Monde que pediu ao Congresso norte-americano e à Casa Branca que tomem medidas pautadas no “bom-senso”, referindo-se à verificação de antecedentes criminais no momento da compra de armas.

A National Rifle Association (NRA), associação norte-americana de armas lamentou, numa nota publicada no Twitter que o Walmart tenha “sucumbido à pressão das elites anti-armas”, acrescentando que “as filas no Walmart serão logo substituídas por filas noutros vendedores que apoiam as liberdades fundamentais da América”.

Os pré-candidatos democratas às eleições presidenciais Joe Biden e Beto O’Rourke já se manifestaram a favor de uma lei que permita a avaliação dos antecedentes criminais de todos os cidadãos interessados em compra de armas. E Elizabeth Warren, também pré-candidata, e senadora pelo Estado de Massachusetts, afirmou que a Walmart “pode e deve fazer mais”.