Apesar de as vendas estarem em alta, a administração da Daimler, a casa-mãe da Mercedes, está em modo de poupança. A notícia foi veiculada pelo diário Süddeutsche Zeitung, que teve acesso a um email enviado aos funcionários pelo conselho geral de trabalho do grupo alemão, onde se avançava o desejo de cortar 10% dos postos de trabalho ao nível da direcção, cerca de 1.100, para avançar igualmente com o congelamento dos vencimentos dos 300.000 trabalhadores da Daimler na Alemanha.

Embora a Daimler recuse comentar os cortes alegadamente anunciados pelo CEO, Ola Källenius, a notícia já foi confirmada pelo Handelsblatt e pela agência germânica Deutsche Press-Agentur. Os cortes terão sido comunicados durante uma reunião com investidores e accionistas em Londres, com Källenius a explicar que o esforço se fica a dever à tensão provocada pelas guerras comerciais globais, ao custo elevado de alguns dos mais recentes recalls e à pesada multa imposta pelas autoridades alemãs por terem sido utilizados dispositivos para manipular as emissões de motores diesel, associados ao Dieselgate.

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Para fazer frente ao que se aproxima, a Daimler já se protegeu com provisões no valor de 2,6 mil milhões de euros. A isto há que juntar, segundo a imprensa alemã, as perdas no segundo trimestre do ano de 1,2 mil milhões de euros.

Quem não gostou dos cortes foi Michael Brecht, chairman do conselho geral de trabalho e membro da direcção de supervisão, que os rotulou de “incompreensíveis”. De acordo com Brecht, se bem que sejam inevitáveis alguns cortes, a proposta de Källenius parece-lhe desproporcionada face à actual situação financeira da empresa, o que o leva a “rejeitá-la categoricamente”.

Após o anúncio do CEO e da reacção de Brecht, tiveram lugar conversações entre ambos, mas sem que se encontrasse uma solução que reunisse unanimidade. Para resumir a sua posição sobre o tema, o chairman do conselho geral de trabalho afirmou: “Isto é como a actual estação do ano: ainda não está gelada, mas cada vez mais tempestuosa e as nuvens estão a ficar cada vez mais negras.”