O Tomo 2, do Volume IV, da Bíblia traduzida pelo helenista Frederico Lourenço e publicada pela Quetzal chega às livrarias esta sexta-feira. Este tomo inclui os restantes Livros Sapienciais do Antigo Testamento na sua forma grega — os Salmos, Salmos de Salomão, Odes e Provérbios –, completando assim a sua tradução para o português. Segundo a editora, este trata-se de “um dos volumes mais importantes da tradução para português”, e é “aquele que mais aproximará textos poéticos e sapienciais, poesia e teologia, fé e paixão”.

“O monumental livro de Salmos apresenta diversas originalidades, entre as quais se destacam os raramente lidos Salmos de Salomão, que, não obstante o seu contexto judaico, constituem o prólogo mais imediato ao Novo Testamento que nos chegou da Antiguidade. Outra curiosidade é o livro de Odes, uma marca singular da Bíblia Grega que nem todos os manuscritos dos Septuaginta preservaram. O tomo encerra com o livro de Provérbios, um texto cuja surpreendente forma grega desafia ainda hoje a argúcia de filólogos e biblistas”, referiu a Quetzal em comunicado.

A tradução da Bíblia por Frederico Lourenço foi iniciada em 2016, estando prevista a sua conclusão para o próximo ano. Inicialmente, contava-se que a edição estivesse concluída em 2019. Até agora, foram publicados quatro volumes (um deles, o IV, dividido em dois tomos). Está prevista a edição de mais dois:

  • Vol. V, Tomo 1 – Antigo Testamento: Os Livros Históricos (Josué, Juízes, Rute, Reinados);
  • Vol. V, Tomo 2 – Antigo Testamento: Os Livros Históricos (Paralipómenos, Esdras, Ester, Judite,
    Tobite, Macabeus);
  • Vol. VI – Antigo Testamento: Os Livros da Lei (Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronó-
    mio).

Em entrevista ao Observador, em abril deste ano, Frederico Lourenço fez um balanço positivo da tradução da Bíblia, um trabalho que, muitas vezes, lhe parece “sobre-humano”, que não será capaz de concluir. “É um trabalho que não considero perfeito nem definitivo — só se fosse um narcisista megalómano é que poderia fazer essa avaliação — mas estou convencido de que dei e estou a dar um contributo necessário para os estudos bíblicos no mundo lusófono (a minha tradução da Bíblia está também a ser publicada no Brasil)”, admitiu.

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Frederico Lourenço: “Acho que o grego tornou-se uma espécie de droga para mim”

“A meu ver, a Bíblia não pode estar só nas mãos das pessoas que a estudam e ensinam pelo prisma da religião; uma visão académica isenta, não-apologética, tem também o seu lugar. Se o trabalho que estou a fazer incentivar o desenvolvimento em Portugal do estudo crítico-histórico da Bíblia, já me darei por muito satisfeito.”