Há 12 dias ininterruptos que o número de pessoas hospitalizadas por infeção com o novo coronavírus cai. Além disso, há dez dias ininterruptos que o número de internados em unidades de cuidados intensivos está também a cair. Estas são algumas das conclusões dos boletins publicados diariamente pela Direção Geral de Saúde, até esta terça-feira, 28 de abril.

Se o número de casos confirmados de infeção com o vírus em Portugal continua a aumentar, tal como o número de vítimas mortais — há já registo de 24.322 infetados, mais 1,2% face aos números do dia anterior, e de 948 óbitos desde o início do surto, mais 20 em 24 horas —, os dados relativos às hospitalizações por infeção com o vírus SARS-CoV-2 contrastam. Ou seja, a saída das unidades de cuidados intensivos por pacientes que recuperaram ou que morreram não tem sido compensada nem excedida (antes pelo contrário) pelo número de novos pacientes que dão entrada em UCI.

Relativamente ao número de pessoas hospitalizadas, que passou de 995 para 936 (menos 59) em 24 horas, o boletim publicado esta terça-feira e referente ao dia anterior inclui a segunda maior descida em valores absolutos nos internamentos desde o início da pandemia. Só a 26 de março, há mais de um mês, tinha sido registada uma diminuição maior de internamentos, com menos 85 pessoas hospitalizadas face aos dados do dia anterior, 25.

Além da variação diária, olhando para valores absolutos, o número de hospitalizados não era tão baixo desde o primeiro dia deste mês, 1 de abril, altura em que as autoridades de saúde contabilizavam 726 pessoas internadas em Portugal. No dia seguinte, 2 de abril, o número de hospitalizados por infeção com o novo coronavírus subiu bastante, para 1042. E só esta semana o número de pacientes em hospitais voltou a descer para os três dígitos.

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Também o número de pessoas internadas nas unidades de cuidados intensivos continua a diminuir em Portugal: à meia-noite de esta terça-feira, eram 172 os pacientes que se mantinham nestas unidades em estado de saúde reservado, menos quatro do que 24 horas antes. Desde o boletim de 30 de março, que registava 164 pessoas internadas em UCI, que o número não era tão baixo — e desce ininterruptamente há dez dias, depois de mais de duas semanas no arranque do mês a aumentar consistentemente.

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Outro dos dados que teve uma diminuição significativa em 24 horas, de acordo com o boletim publicado pela Direção Geral de Saúde esta terça-feira, é o número de pessoas que aguardam por resultados laboratoriais — isto é, que aguardam pelo resultado de testes de diagnóstico. Se até à meia-noite de domingo eram 5.091 as pessoas que esperavam pelo resultado de testes — um efeito, porventura, de algum abrandamento na velocidade de deteção de casos durante o fim-de-semana —, há agora quase menos 1.500 pessoas à espera (são 3.563 que aguardam resultado, mais especificamente).

O restante dado positivo é o aumento do número de recuperados, que cresceu 2,4% — mais 32 pessoas dadas como clinicamente recuperadas face ao dia anterior, subindo assim o total de 1.357 para 1.389. Isto significa que o número de recuperados em 24 horas foi superior ao número de óbitos no mesmo período em termos absolutos (32 face a 20) e que o número de recuperados cresceu ao dobro da velocidade de crescimento dos novos casos detetados de infeção (2,4% face a 1,2%).

De resto, em relação a óbitos continua a não haver vítimas mortais em Portugal com menos de 40 anos. Entre os 40 e 49 anos, há registo de dez mortos em 4.091 infetados (nesta faixa etária morre uma pessoa por cada 400 infetadas, em média) e entre os 50 e 59 anos há registo de 27 óbitos (o número de mortes por infetado é de uma por cada 152 casos de infeção).

A taxa de mortalidade começa a aumentar significativamente a partir dos 60 anos (entre os 60 e 69 anos, morrem já 3 pessoas por cada 100 infetadas, aproximadamente) e começa a disparar a partir dos 70 anos. A taxa de letalidade global é de 3,9%, o que significa que globalmente morrem 39 pessoas por cada 1000 infetados.

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Já quanto à prevalência do coronavírus por cada região do país, os novos casos e óbitos adicionais deste início de semana não trouxeram grandes alterações. A região Norte continua a ser a região mais afetada pelo vírus em termos absolutos, com 14.702 casos confirmados de infeção — mais 206 face ao boletim do dia anterior, o que signifia um crescimento de 1,4%.

Percentualmente, o crescimento do número de infeções detetadas em Lisboa e Vale do Tejo foi de metade do crescimento da região Norte (0,7%) — em valores absolutos, há registo de mais 37 casos detetados em Lisboa e Vale do Tejo, tendo a região 5.593 casos de infeção. Foi no Alentejo, porém, que o número de casos detetados foi maior em função da totalidade das infeções registadas no dia anterior. Na segunda-feira, foram detetados mais 12 casos de infeção no Alentejo, um valor que pode parecer baixo mas que percentualmente é alto, já que o Alentejo contabilizava apenas 189 casos confirmados desde o início da pandemia. O crescimento foi de 6,3% e fez com que no Alentejo fosse ultrapassado o registo de 200 infetados: há agora 201 casos.

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Relativamente aos óbitos por região do país, o boletim de esta terça-feira da Direção Geral de Saúde contabiliza mais uma vítima mortal nos Açores, que em 48 horas passaram assim de oito vítimas mortais de pacientes infetados para dez. A Madeira, por sua vez, mantém-se sem qualquer óbito oficialmente confirmado, o Alentejo tem um óbito e a região Sul tem 12.

A região Norte continua a ser de longe a região do país com mais óbitos (546 — mais dez em 24 horas e mais de metade do número de mortes em todo o país), seguindo-se a região Centro (194 ao todo, três novas vítimas mortais) e Lisboa e Vale do Tejo (185, com mais seis óbitos do que no mesmo período de contabilização do dia anterior).