Quatro das maiores associações representativas do setor aeronáutico europeu criticaram esta quarta-feira a “falta de liderança” da Comissão Europeia, lamentando as “recomendações confusas” relativamente aos vouchers, numa altura em que os reembolsos ascendem a 9,2 mil milhões de euros.

“A falta de liderança da Comissão Europeia não aliviará e poderá mesmo contribuir para o desespero financeiro das companhias aéreas e da indústria do turismo em geral“, afirmam num comunicado conjunto a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), a Companhias aéreas para a Europa (A4E), a Representação internacional das companhias aéreas na Europa (AIRE) e a Associação de companhias aéreas das regiões europeias (ERA).

Por detrás do descontentamento destas entidades estão as recomendações “dececionantes e confusas” esta quarta-feira emitidas pela Comissão Europeia, que, segundo argumentam, “criarão mais confusão para as companhias aéreas e para os passageiros numa altura em que é urgentemente necessária uma ação regulamentar clara e decisiva”.

E dando conta que os pedidos de reembolso em dinheiro devido ao cancelamento “em massa” de viagens na Europa já ascendem aos 9,2 mil milhões de euros, as associações lamentam que a Comissão Europeia tenha “ignorado o pedido de 16 Estados-membros da UE para uma alteração de emergência ao regulamento comunitário” sobre os reembolsos.

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Alertando que podem estar “em risco até 6,7 milhões de postos de trabalho na aviação em toda a Europa”, estas entidades pedem agora aos Estados-membros e ao Conselho que assegurem uma “abordagem harmonizada” para a questão dos vouchers e dos reembolsos durante a pandemia de Covid-19, ajustando temporariamente as regras referentes aos direitos dos passageiros.

Nas recomendações esta quarta-feira divulgadas, a Comissão Europeia defendeu garantias públicas, por exemplo dadas pelos países europeus, ou privadas, como através de seguradoras, para atrair passageiros a optar pelos vouchers em situações de viagens canceladas devido à pandemia.

Com as viagens suspensas na UE em resultado das medidas restritivas adotadas pelos Estados-membros para tentar conter a propagação da Covid-19, foram várias as viagens canceladas, nomeadamente voos, e nessas situações as transportadoras são obrigadas a dar a escolher aos passageiros entre reembolsos em dinheiro ou vouchers para utilização, segundo ditam as regras comunitárias.

Porém, dada a dificuldade de liquidez das empresas, nomeadamente companhias aéreas, vários países como Portugal pediram a Bruxelas que considerasse apenas a opção dos vouchers, o que o executivo comunitário negou, vindo esta quarta-feira pedir aos Estados-membros que tornem esta numa “alternativa viável e atrativa ao reembolso de viagens organizadas e serviços de transporte cancelados no contexto da pandemia”.

Em causa estão as recomendações da Comissão Europeia para a retoma das viagens esta quarta-feira divulgadas, numa altura em que a pandemia está a estabilizar na Europa, no âmbito das quais o executivo comunitário apela a que estes vouchers sejam cobertos por proteção em caso de insolvência, para assim levar mais clientes a optarem por esta via.

Além disso, segundo Bruxelas, estes vouchers devem ser reembolsáveis se não forem utilizados: “Os passageiros e os viajantes devem ter o direito de pedir o reembolso em dinheiro o mais tardar 12 meses após a emissão do vale em causa e em qualquer momento posterior”.

Para os casos em que é apenas dada ao passageiro a opção de receber um voucher devido ao cancelamento da sua viagem, a Comissão Europeia aconselha a que insistam no reembolso, dadas as regras comunitárias.