Era um reencontro entre Mikel Arteta e Pep Guardiola, o cruzamento entre duas equipas à procura de encontrar pontos positivos na atual temporada e confronto entre dois clubes com histórias muito distintas nos últimos anos. Arsenal e Manchester City defrontavam-se este sábado em Wembley, na primeira meia-final da Taça de Inglaterra, e a história do jogo começava precisamente pelos treinadores.

Depois de se terem reencontrado há pouco tempo, numa das primeiras jornadas da retoma da Premier League e com vitória para o City, Arteta e Guardiola voltavam a ficar em lados opostos da linha técnica depois de terem sido companheiros durante três anos no comando técnico da equipa de Manchester. De um lado, na pessoa de Guardiola, estava um treinador com um projeto consolidado; do outro, com Arteta, estava um treinador que quer implementar um projeto e dar a volta a um clube há muito afastado dos títulos e das vitórias.

Enquanto segundo tópico, surgia a atual temporada. Apesar da vitória na última jornada contra o campeão Liverpool, o Arsenal está no 10.º lugar da Premier League, fora das posições de acesso às competições europeias, e a presença nas meias-finais da Taça de Inglaterra deixava aberta a esperança da conquista de um título três anos depois do último. Já o Manchester City falhou o tricampeonato inglês e procurava o primeiro troféu da época para encarrilar até à Liga dos Campeões, o grande objetivo da temporada e uma competição que pode ajudar a esquecer a campanha vazia na liga inglesa.

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E por fim, os últimos anos. Se o Manchester City foi bicampeão inglês nos últimos dois anos e na temporada passada conquistou todos os troféus internos, o Arsenal não ganha nada desde 2017. Se para uma equipa o objetivo da meia-final deste sábado era chegar a mais uma final para confirmar o estatuto de melhor equipa da última década em Inglaterra, para outra tratava-se de uma necessidade para disputar finalmente outra final e tornar-se relevante na última década em Inglaterra.

Arteta lançava Aubameyang e Lacazette no onze inicial, depois de o gabonês não ter sido titular no jogo contra o Liverpool, e juntava Pépé ao duo ofensivo. Bellerín voltava à titularidade, em detrimento de Cédric, e Maitland-Niles jogava no meio-campo com Ceballos. Do outro lado, Guardiola não trocava de guarda-redes — como seria normal, por ser um jogo da Taça — e mantinha Ederson na baliza, enquanto que Bernardo Silva começava no banco e cedia novamente o lugar a Sterling no apoio a Gabriel Jesus. O jovem Eric García, de apenas 19 anos, era titular no eixo defensivo ao lado de Laporte.

O Manchester City começou melhor e podia até ter inaugurado o marcador logo nos instantes iniciais, através de David Silva (3′). Sem grandes oportunidades propriamente ditas, a equipa de Guardiola dominou por completo o primeiro quarto de hora, impedindo o Arsenal de sair com a bola controlada e mantendo Aubameyang, Lacazette a Pépé muito afastados do resto dos colegas. Ainda assim, e num lance isolado, acabaram por ser os gunners a ter a primeira grande ocasião de golo, com Aubameyang a rematar à figura de Ederson depois de ser isolado por David Luiz (16′). A jogada criada pelo central brasileiro desbloqueou a equipa de Arteta, que só precisou de mais três minutos para se colocar em vantagem.

Num lance onde Pépé apareceu muito junto à ala, o internacional costa-marfinense tirou um cruzamento perfeito e descobriu Aubameyang ao segundo poste, que se largou da marcação de Kyle Walker e marcou de pé direito (19′). O Arsenal conseguiu manter a vantagem até ao intervalo, sacudindo a pressão que o Manchester City tinha implementado nos minutos iniciais. Na segunda parte, de forma previsível, a equipa de Guardiola apertou a partida e passou a jogar em apenas 30 metros, o último terço do meio-campo adversário, à procura do golo do empate.

Guardiola lançou Phil Foden e Rodri, o Manchester City continuou totalmente acampado no meio-campo adversário — com Kevin De Bruyne a ficar perto de empatar de livre direto — mas, mais uma vez, o Arsenal só precisou de outra oportunidade para voltar a marcar. Depois de um grande passe vertical de Kieran Tierney, Aubameyang ficou na cara de Ederson com a bola controlada e acabou por aumentar a vantagem com um passe rasteiro (71′). Duas oportunidades, dois golos, duas vezes Aubameyang: e o Arsenal a um passo da final da Taça de Inglaterra.

A equipa de Mikel Arteta conseguiu manter a vantagem de dois golos até ao apito final e acabou por se fazer valer da eficácia que o Manchester City nunca conseguiu ter (fez apenas um remate enquadrado) e onde Bernardo Silva não chegou a entrar para carimbar o passaporte para a final da Taça de Inglaterra — ficando à espera de saber qual, entre Manchester United e Chelsea, será o adversário no jogo de Wembley. Os gunners, a equipa com mais Taças conquistadas em Inglaterra, 13, apoiou-se no novo Triple A para ir à procura do primeiro título em três anos: Aubameyang, Arteta e um novo Arsenal, a tentar começar de vez um novo projeto que coloque o clube de Londres novamente no topo do futebol europeu.