Um novo livro de Valter Hugo Mãe, a poesia reunida de Luís Miguel Nava, há muito esgotada, novas edições de Ruben A. por altura do seu centenário e o novo romance de Javier Cercas são algumas das novidades do Grupo Porto Editora até ao final de 2020, anunciadas esta quinta-feira.

Contra Mim é, segundo a Porto Editora, o livro mais intimista de Valter Hugo Mãe. Com data de lançamento marcada para outubro, o volume é uma “partilha profundamente pessoal” da infância do escritor em Angola e Paços de Ferreira e “a sua vinda para junto do mar, nas Caxinas”. “Uma obra de uma sensibilidade absoluta que nos dá a conhecer um dos escritores mais destacados da atualidade e nos amplia e conforta no desassossego de andarmos todos entre alguma tristeza a procurar saída”, refere a editora na sinopse disponibilizada.

A “elogio de sombra”, coleção de poesia que Valter Hugo dirige para a Porto Editora, vai ganhar três novos livros: Torpor, de Luís Adriano Carlos, que irá sair já neste mês de setembro; A Axila de Egon Schiele, de André Tecedeiro; e o segundo volume da obra poética de Artur Cruzeiro Seixas. A poesia de Cruzeiro Seixas foi originalmente publicada por Hugo Mãe na Quasi, entretanto desaparecida.

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Há muito esgotada, a poesia de Luís Miguel Nava vai voltar a estar disponível no mercado numa nova edição da Assírio & Alvim, preparada pelo investigador Ricardo Vasconcelos, autor do ensaio Campo de Relâmpagos — Leitura do excesso na poesia de Luís Miguel Nava, publicado pela mesma editora em 2010. Esta nova edição, que será editada neste mês de setembro, inclui poemas inéditos e dispersos. Pela Assírio & Alvim, sairá também, em outubro, um volume que reúne os poemas dramáticos e pictopoemas de Mário Cesariny, com edição prefácio e notas de Perfecto E. Cuadrado.

É também por esta editora que sairá em setembro dois livros de Ruben A. que estavam esgotados: O Mundo à Minha Procura, a autobiografia do escritor pela primeira vez num só volume (os três volumes que a compõem nunca tinham sido publicados conjuntamente), e o romance Silêncio para 4. A edição destes dois volumes surge numa altura em que se comemoram os 100 anos do escritor português. A 26 de maio, data do aniversário do autor, a Sextante lançou, em edição de bolso, A Torre da Barbela. Desta coleção, a “Miniatura”, sairá em setembro O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena.

Os cem anos do interminável mundo de Ruben A.

Uma entrevista de Amália que estava esquecida há 40 anos

Outra novidade da Porto Editora, com lançamento também agendado para setembro, é Amália nas Suas Palavras, livro que reproduz uma entrevista nunca publicada de Manuel da Fonseca a Amália Rodrigues. A história desta conversa entre o escritor e a fadista remonta a 1973, quando Fonseca, conhecido pela sua militância comunista, foi encarregado pela editora Arcádia de escrever uma biografia de Amália, então considerada um dos pilares da propaganda do Estado Novo. Por razões que se desconhecem, o livro nunca chegou a sair e as várias horas de conversa, gravadas na casa da Rua de São Bento e na herdade que a artista tinha no Brejão, ficaram na Arcádia, que entretanto fechou, até serem resgatadas e transformadas em livro.

Para os últimos meses do ano, a Porto Editora têm ainda planeado o lançamento do novo romance de Javier Cercas, Terra Alta, e um livro de Richard Zimler nunca publicado em Portugal, O Destino dos Insubmissos, que trata da pandemia do VIH. Pela Livros do Brasil, vai sair o último volume da trilogia de Henry Miller, Nexus, Os Pássaros e Outros Contos Macabros, de Daphe du Maurier, e O Tempo Dourado, considerado por muitos a obra prima de Yukio Mishima. O livro já tinha sido publicado em Portugal, mas teve com uma nova tradução feita a partir da tradução inglesa aprovada pelo próprio autor. O Tempo Dourado irá chegar às livrarias numa altura em que se assinalam os 50 anos do suicídio público de Mishima através do ritual seppuku.

Yukio Mishima, o escritor que sonhou com a morte

Feira do Livro de Lisboa está “a ser bastante acima das nossas expectativas”

A apresentação das novidades do Grupo Porto Editora para os últimos meses do ano aconteceu na Feira do Livro de Lisboa, que arrancou na semana passada. Sobre o evento, Paulo Rebelo Gonçalves, responsável pela comunicação do grupo editorial, adiantou que “está a ser bastante acima das nossas expectativas”, admitindo que não se sabia “como iriam ser as visitas” ao Parque Eduardo VII.

“Quando preparámos a Feira do Livro este ano, preparámos sem ter uma noção claro de como iria ser a reação dos leitores, como iriam ser as visitas. A nossa principal preocupação, antes de fazer o plano de eventos, foi fazer um plano de segurança, quer para quem nos visitasse, como para os profissionais que estão no espaço”, afirmou.

Após um “primeiro dia absolutamente extraordinário”, o ritmo de visitantes “tem-se mantido”. “Ou seja, dia após dia temos a boa notícia de que a Feira do Livro está a correr mesmo muito bem”, disse o responsável, acrescentando que, mesmo nos dias úteis, tem havido”muitas pessoas aqui, no espaço Porto Editora”, que é partilhado com o grupo Bertrand.

Lotação máxima de 3.300 pessoas, uso obrigatório de máscara e “muito gel desinfetante”: será assim a Feira do Livro de Lisboa

A Feira do Livro de Lisboa arrancou a 27 de agosto e irá decorrer até 13 de setembro, no Parque Eduardo VII, num período mais tardio do que o habitual (a feira realiza-se normalmente por altura da primavera). Devido à situação atual, este ano, o evento decorre com algumas restrições, nomeadamente a lotação máxima de 3.300 pessoas, e regras, como o uso obrigatório de máscara dentro do recinto. Esta é, no entanto, a segunda maior Feira do Livro de Lisboa de sempre, com 310 pavilhões, 638 marcas editoriais e 117 participantes.