O Governo grego avisou esta segunda-feira que apenas os refugiados que se instalarem no novo campo de migrantes da ilha de Lesbos, que substitui temporariamente o campo de Moria, terão o direito de ter o seu pedido de asilo processado.

O ministro das Migrações grego, Notis Mitarakis, fez este alerta face à relutância de muitos migrantes em entrar nestas novas instalações, visto que o seu único objetivo é deixar a ilha do Mar Egeu, que consideram um inferno, o mais rapidamente possível. Em declarações à rádio privada Parapolitika, o ministro sublinhou que todos os que têm direito à proteção internacional e, portanto, têm perfil de refugiado, podem sair da ilha. De acordo com Mitarakis, cerca de 5.000 camas foram instaladas nas tendas fornecidas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para as Migrações (ACNUR) até agora, número que vai dobrar até ao meio desta semana. O ministro afirmou que no novo campo há mais medidas de segurança do que na rua e prometeu que o serviço de asilo funcionará “normalmente”. Mitarakis sublinhou ainda que o novo acampamento Kará Tepé, localizado a apenas dois quilómetros da capital de Lesbos, Mitilene, é provisório, pois o plano continua a ser a construção de um definitivo, “independente da reação da comunidade local”.

Desde o incêndio no campo de migrantes de Moria, não são apenas os quase 12 mil migrantes e refugiados que resistem a entrar no campo, pois a população local também protestou repetidamente contra a instalação de um novo centro de refugiados, temporário ou permanente. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, anunciou no domingo que pretende pedir apoio à União Europeia (UE) para a construção conjunta do campo permanente, que, segundo os planos de Atenas, será uma instalação fechada com entrada e saída controladas.

Milhares de famílias dormem no asfalto, nas calçadas ou no campo em Lesbos há várias noites, depois dos gigantescos incêndios de terça e quarta-feira, que destruíram o centro de registo e de identificação de Moria, sem causar vítimas. Este campo foi criado em 2015 para limitar o número de migrantes provenientes da vizinha Turquia para a Europa. Mais de 12.000 pessoas viviam no campo, incluindo 4.000 crianças. Nos últimos anos, a falta de higiene e a sobrelotação no campo de Moria têm sido criticadas por Organizações Não-Governamentais de defesa dos direitos dos refugiados, que regularmente têm apelado às autoridades gregas para que transfiram os requerentes de asilo mais vulneráveis para o continente.

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