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Catarina Martins ou António Costa: Quem tem razão na guerra de números sobre o reforço de médicos no SNS?

Este artigo tem mais de 3 anos

Catarina Martins e António Costa apresentam números diferentes sobre a evolução do número de médicos desde janeiro. O BE diz que são menos hoje, o Governo responde que são mais 691. Quem tem razão?

Catarina Martins afirmou na Assembleia da República, para desmentir o Governo, que em julho havia menos 582 médicos no SNS que havia em janeiro.
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Catarina Martins afirmou na Assembleia da República, para desmentir o Governo, que em julho havia menos 582 médicos no SNS que havia em janeiro.

João Pedro Morais/Observador

Catarina Martins afirmou na Assembleia da República, para desmentir o Governo, que em julho havia menos 582 médicos no SNS que havia em janeiro.

João Pedro Morais/Observador

A dúvida já estava colocada desde o início da tarde, quando a ministra da Saúde disse que existem atualmente mais médicos no Serviço Nacional de Saúde do que existiam no final de 2019. Horas depois, no debate sobre o Plano de Recuperação no Parlamento, o primeiro-ministro especificou que “só nos médicos temos mais 691 do que tínhamos no início do ano”. No mesmo debate, a líder do Bloco de Esquerda Catarina Martins disse que durante a pandemia o “número de médicos foi descendo” e que, em julho, havia um total de 582 médicos a menos desde janeiro. Ora, a diferença está mesmo no ponto de partida usado pelo Governo e no ponto de partida utilizado pelo Bloco de Esquerda para fazer as contas.

Uma nota concreta sobre o que disse em matéria de recursos humanos no SNS: hoje temos mais 5216 profissionais do que no início do ano. Só nos médicos temos mais 691 do que tínhamos no início do ano”.
António Costa, no debate do Plano de Recuperação no Parlamento

A ministra da saúde disse hoje que há mais médicos no SNS. Não é isso que está nos números do portal do SNS. Na verdade, durante a pandemia, o número de médicos no SNS foi descendo. Comparando com janeiro, tínhamos em julho menos 130 médicos de carreira e menos 452 internos. Há mesmo menos médicos no SNS.”
Catarina Martins, no debate do Plano de Recuperação no Parlamento

Do lado do Governo, o número de médicos (total, de carreira e internos) utilizado foi o que reportava ao final do ano passado: 29.018 (19.614 médicos de carreira e 9.404 médicos internos). Do lado do Bloco de Esquerda, o referencial foi outro, o total de médicos que havia em janeiro: 30.484 (19.555 médicos de carreira e 10.929 médicos internos). E a diferença entre os dois números de mais de 1.400 médicos permite ao Governo apresentar um saldo positivo em agosto e ao Bloco de Esquerda afirmar que o número de médicos desceu desde janeiro.

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Como? Vamos às contas. Segundo o Governo, desde o início do ano há mais 691 médicos, mas isso porque utiliza o número de dezembro de 2019 para as contas. Já o Bloco de Esquerda diz que desde janeiro havia menos 582 médicos (130 médicos de carreira e 452 internos) até julho. Uma vez que os dados no portal da transparência ainda não foram atualizados com os dados de agosto, o Bloco de Esquerda utilizou os dados de julho para as contas. Mas e se ambos tivessem o mesmo ponto de partida?

Caso o Governo tivesse usado os números de janeiro para as contas, o saldo (em relação a agosto) seria ainda mais negativo que o do Bloco de Esquerda, uma vez que entre julho e agosto, segundo as contas do ministério da Saúde saíram mais 96 médicos de carreira e 97 internos do Serviço Nacional de Saúde. Seria então um saldo negativo de 775 médicos no SNS desde janeiro e não um saldo positivo de 691 desde dezembro. E porquê uma diferença tão expressiva?

Todos os anos, no primeiro dia útil do ano iniciam funções os médicos internos nas respetivas unidades de saúde. E o Governo aproveitou essa “boleia” para apresentar um aumento no número de médicos e não um decréscimo desde o início do ano. Ainda assim, segundo os dados disponíveis no portal da transparência, desde 2015 este foi o ano com uma diferença menor entre o número de internos de dezembro e o de janeiro, um número que vinha a manter quase sempre um crescimento. Em 2015 a diferença era de 1.685 internos; em 2016 de 1.782; em 2017 de 1.798; em 2018 de 1.794 e em 2019 de 1.916. Este ano a diferença no número de internos entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 foi de 1.525.

E são esses 1.525 que dão a folga suficiente para que o saldo das contas feitas pelo Governo seja positivo. Até porque contabilizando as saídas de médicos de carreira e médicos internos desde janeiro — até agosto — há uma diferença de menos 775 médicos no SNS, com a saída de 549 médicos internos e 226 médicos. Um número superior ao apresentado pelo Bloco de Esquerda que se reportava à situação até julho, com menos 582 médicos no SNS.

Em conclusão, dependendo do ponto de partida — dezembro de 2019 ou janeiro de 2020 — os números finais são bem diferentes. Ou 691 médicos a mais até agosto ou 775 médicos a menos no Serviço Nacional de Saúde desde janeiro até julho. Ambos dão números verdadeiros, mas utilizam intervalos de tempo diferentes.

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