A Associação de Dinamização da Baixa Pombalina considera que as medidas do Governo, no âmbito da pandemia, vão provocar “enormes repercussões” às empresas do centro histórico de Lisboa, reforçando que há setores sem atividade e estabelecimentos a encerrar.

“Temos consciência de que as empresas, quer do comércio, quer da restauração e quer dos serviços, naquela zona da cidade de Lisboa, irão sofrer – como já sofreram, no passado, este ano – consequências terríveis“, salientou hoje à agência Lusa o vice-presidente da associação, Vasco Melo.

De acordo com o dirigente, os comerciantes estavam com esperança de que “as coisas resultassem” e não fosse necessário implementar novas restrições.

“[…] A obrigação de confinamento causa mais prejuízo na Baixa e no Chiado, porque nós estamos muito dependentes dos consumidores que não vêm só visitar a Baixa e trabalham na Baixa. Havendo, principalmente em todo o setor público, uma obrigação de confinamento e teletrabalho, isso irá ter enormes repercussões sobre o comércio nesta área”, observou.

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O Governo anunciou no sábado que 121 municípios, entre os quais Lisboa, vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador, devido à Covid-19. Os restaurantes nestes 121 concelhos do continente — uma lista que será revista a cada 15 dias – não poderão ter mesas com mais de seis pessoas e a sua hora de fecho passa a ser às 22h30.

Os estabelecimentos comerciais terão de fechar, na generalidade, às 22h. Porém, de acordo com o Governo, o presidente do município pode fixar um horário de encerramento inferior ao limite máximo estabelecido, mediante um parecer favorável da autoridade local de saúde e das forças de segurança.

“O último trimestre, sobre as empresas, tem sempre enormes repercussões, porque o mês de dezembro é um mês muito atípico, correspondendo ao dobro das vendas de um mês normal. É óbvio que este ano isso provavelmente não irá acontecer”, disse Vasco Melo. Segundo o vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, já se fala na possibilidade haver constrangimentos nos feriados de 1 e 8 de dezembro, altura em que a Baixa é normalmente muito visitada.

“Temos muito medo sobre aquilo que possam ser as repercussões sobre as empresas que existem neste território”, referiu, explicando que, ao contrário de outras empresas na cidade que “conseguem minorar os prejuízos” por causa população residente, a Baixa é uma zona com “pouca população. Vasco Melo alertou ainda que já vários estabelecimentos encerraram, porque não conseguem pagar as rendas. “Curiosamente, estabelecimentos vão abrindo, mas o número dos estabelecimentos que encerram deve ser muito superior, porque são estabelecimentos que tinham rendas muito altas”, indicou.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 2.590 pessoas dos 146.847 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.