Foi dos mais rápidos das sessões de treinos, chegou a ter o melhor tempo da última ronda da qualificação, não conseguiu melhor do que um 10.º lugar na grelha de partida. Depois de um sábado em que soube ainda que vai correr sem colega de equipa, depois de Iker Lecuona ter testado positivo para a Covid-19, Miguel Oliveira arrancava no Grande Prémio da Comunidade Valenciana com a vontade de escalar a classificação.

Qualificou-se diretamente para a Q2, chegou a ter o tempo mais rápido: Miguel Oliveira sai de 10.º no GP da Comunidade Valenciana

“Foi um dia positivo. Logo de manhã começámos por garantir um lugar na Q2. Fiz um quarto treino livre muito positivo, com a configuração de corrida. Na qualificação começou a chuviscar e era difícil perceber até onde podia puxar pelos pneus. Na última saída consegui melhorar o meu tempo, mas na última volta falhei a travagem para a segunda curva. Começamos um pouco atrás, mas estou confiante que posso recuperar bastantes posições”, disse o piloto português, numa linha de pensamento que continuou depois na habitual publicação que faz no Instagram depois de todos os dias em que entra em pista. “Qualificação no típico ‘chove não chove’ com a 10.ª posição. Uma coisa é certa: amanhã será uma corrida a meu gosto”, escreveu, deixando antever novamente que estava bastante confiante para a prova de domingo.

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Uma prova que, além de ser a penúltima do Mundial antes da derradeira etapa em Portimão, podia consagrar Joan Mir como o novo campeão do mundo. O piloto espanhol da Suzuki só precisava de terminar no pódio para suceder a Marc Márquez e viajar para Portugal já com o título conquistado — mas para isso precisava de superar os obstáculos criados na qualificação, já que não conseguiu melhor do que o 12.º lugar. Em oposição, Franco Morbidelli partia da pole-position, a segunda da carreira do italiano da Yamaha, seguido por Jack Miller e Nakagami.

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Na corrida, Miguel Oliveira arrancou muito bem e conquistou cinco posições logo nos primeiros segundos do Grande Prémio, passando de 10.º para 5.º. Morbidelli segurou a liderança, Jack Miller agarrou o segundo lugar mas Nakagami acabou por cair do pódio, ultrapassado por Pol Espargaró. Mais atrás, Joan Mir subiu ao 10.º lugar — algo que lhe dava virtualmente a conquista do Mundial, já que Quartararo estava na cauda do pelotão.

O piloto português pressionou Nakagami e conseguiu subir ao quarto lugar mas acabou por ser novamente ultrapassado não só pelo japonês como por Álex Rins, ao longo de voltas mais lentas, caindo para a sexta posição. Atrás de Oliveira, Johann Zarco, da Ducati, caiu e abandonou, seguido logo depois por Quartararo, que sofreu uma queda na curva 6 e despediu-se aí das parcas possibilidades que ainda tinha para ser campeão mundial. Nesta altura, Mir rodava em oitavo; lá à frente, Morbidelli liderava sem grandes sobressaltos.

A 11 voltas do fim, com um ritmo abaixo do desejável e depois de um pequeno erro, o piloto natural de Almada caiu para sétimo, ultrapassado por Brad Binder, e tinha Joan Mir a pouco mais de um segundo. Miguel Oliveira beneficiou do abandono de Nakagami para subir novamente a sexto — o japonês da Honda caiu numa curva quando tentava passar Espargaró para voltar ao terceiro lugar e falhou mais uma vez aquele que seria o primeiro pódio da carreira.

Até ao fim, Franco Morbidelli agarrou mesmo a vitória no Grande Prémio da Comunidade Valenciana apesar do ataque de Jack Miller na última volta e Pol Espargaró fechou o pódio. Miguel Oliveira acabou na sexta posição, atrás ainda de Álex Rins e Brad Binder e seguido de perto por Joan Mir. O piloto espanhol de 23 anos cruzou a meta em sétimo, aproveitou o abandono de Quartararo e tornou-se o novo campeão do mundo de Moto GP, sucedendo ao compatriota Marc Márquez. A festa de Mir, que deu um título mundial à Suzuki 20 anos depois, faz-se definitivamente na próxima semana, em Portimão, na última etapa do Mundial no Autódromo Internacional do Algarve.