A Missão de treino da União Europeia no Mali (EUTM-Mali) já formou cerca de 300 militares das Forças Armadas malianas desde novembro do ano passado, habilitando-as para o combate ao terrorismo na região.

“Até agora, nos três meses de missão – nós chegámos aqui em 15 de novembro – completámos há dois dias os três primeiros meses de missão num total de seis, e já formamos cerca de 300 militares das Forças Armadas malianas”, declarou o tenente-coronel João Manuel Jesus Carvalho, representante da Missão de Treino da União Europeia no Mali (EUTM-Mali) numa audição na Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, por videoconferência.

O tenente-coronel afirmou que “o principal problema das Forças Armadas malianas é a sua estrutura de comando e controlo, leia-se, as posições chave de comandantes de companhia, de comandantes de batalhão, de comandantes de regimento, que são as peças fulcrais”. 

A formação dada pelos militares da EUTM presentes na região (11 portugueses) é dada em especial “aos quadros superiores e aos quadros de sargentos, que são devolvidos depois às Forças Armadas malianas”.

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Estamos a formar quadros capazes e a contribuir para a estruturação das Forças Armadas de maneira a que possam desempenhar a sua função cabalmente, nomeadamente naquilo que é o combate ao terrorismo”, disse.

De acordo com o tenente-coronel, “é expectável” que no final do mandato o número de militares formados seja o dobro dos atuais.

Questionado pelos deputados sobre as dificuldades da execução da missão em pandemia e se está prevista a vacinação dos militares na região, o tenente-coronel disse haver “perspetivas” para que o processo seja realizado em breve.

“Relativamente à nossa vacinação, este processo está a ser acautelado pelos nossos canais de comando das Forças Armadas, já nos foram pedidos os nomes para sermos vacinados, sei que o processo está em marcha pela cadeia normal de comando e esperamos por indicações relativas à vacinação, mas com a perspetiva à vista de que ela se vai realizar brevemente”, aditou.

Na audição parlamentar foi também ouvido o major José Carlos Gomes Reis, oficial de operações aéreas na MINUSMA (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali).

O militar indicou algumas das dificuldades sentidas pela missão tendo em conta o contexto da Covid-19, nomeadamente no início da pandemia, quando muitos países tiveram atrasos no envio de militares, criando uma “sobrecarga” de trabalho para os que já estavam no Mali.

“Há esta necessidade de continuarmos ativos, de continuarmos robustos, mas isto significa que estamos a colocar menos pessoas nos helicópteros para serem projetadas”, explicou, facto que se traduz num planeamento “mais intenso, muito mais desafiante”.

No entanto, apesar das dificuldades, o major acrescentou que os militares têm sido “exímios” no cumprimento das regras de saúde e “até agora nenhum português teve Covid”.

Desde 2012, o Mali tem sido confrontado com os ataques de grupos “jihadistas”, bem como com a violência intercomunitária que já provocou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.

O destacamento português no Mali contou com 65 militares até ao final de dezembro do ano passado, sendo atualmente constituído por dois militares da Força Aérea no âmbito da missão das Nações Unidas, e por 11 militares integrados na missão das União Europeia, a EUTM Mali.

A força nacional destacada está no Mali desde 01 de julho, no âmbito da MINUSMA (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali), e tem como objetivo assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas, vigilância aérea e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamaco.

De acordo com o Governo, o contingente português é responsável por missões fundamentais, tais como operações de evacuação e emergência médicas, a inserção de forças de operações especiais e missões de recolha de informação e reconhecimento, com a realização prevista de cerca de 100 horas de voo mensais.

Já a EUTM Mali foi lançada em fevereiro de 2013 e teve recentemente o seu mandato estendido até maio de 2024. A missão foi comandada pelo brigadeiro-general Boga Ribeiro durante o primeiro semestre de 2020, tendo mantido um contingente de 12 a 18 elementos na missão durante esse período.