Caíram de 200 mil, na última semana de janeiro, para cerca de 50 mil, na semana entre 15 e 21 de fevereiro, as consultas relacionadas com Covid-19 nos centros de saúde, noticia o Público este sábado, citando dados do boletim da vigilância da gripe, divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa). O jornal acrescenta que, com esta redução da pressão causada pela pandemia, haverá condições para chamar outros doentes para as consultas presenciais.

“Isto funciona um pouco como um harmónio. Se estamos no atendimento Covid, nas visitas aos lares, não estamos a fazer outras tarefas”, diz Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), citado pelo Público. “Este alívio permite-nos usar esse tempo nos doentes sem Covid, marcando consultas presenciais. Não será uma recuperação, mas retomar um pouco a atuação junto dos grupos de risco e dos mais vulneráveis: grávidas, crianças, nos diabéticos, hipertensos, nos rastreios”, acrescenta o clínico.

Rui Nogueira, médico de família em Coimbra e ex-presidente da APMGF, acrescenta que os serviços estão a recuperar o contacto com os doentes de maior risco, no caso aqueles que sofrem de diabetes e hipertensão. “A primeira preocupação é ver estes doentes que têm consultas e exames em atraso e fazer a revisão da medicação”, diz. Apesar de todo o esforço, “falta recuperar as doenças mentais e os doentes oncológicos que não foram diagnosticados”.

Esta descida de cerca de 75% no número semanal de consultas relacionadas com Covid-19 foi comum a todas as regiões e grupos etários. O que é possível perceber nos dados do Portal do SNS é que no mês de janeiro se realizaram 3,3 milhões de consultas nos centros de saúde de todo o país, o número mais elevado de que há registo. O aumento, salienta o Público, também beneficiou do aumento do número de consultas não presenciais, que foram mais de dois terços (69%) das consultas realizadas em janeiro.

Nuno Jacinto acredita que “a médio prazo não será igual ao que era. Dificilmente vamos juntar tantos utentes numa sala de espera enquanto a pandemia estiver em curso e continuamos a ter pessoas com receio de ir aos centros de saúde nesta fase”.

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