Cerca de metade das empresas de restauração e alojamento registaram quebras de faturação acima de 90% em março, mês em que se assinalou um ano do início da pandemia de Covid-19 em Portugal. Além disso, 52% dos restaurantes estão encerrados, um cenário que se verifica em 29% dos alojamentos turísticos.

Estas são algumas das conclusões do inquérito mensal da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), divulgado esta quarta-feira. Neste relatório referente ao passado mês de março, a associação fala num “sufoco na tesouraria das empresas”, com o setor a passar pelo “seu período mais difícil de sempre”.

De acordo com os dados do inquérito difundido pela imprensa, na área da restauração, 29% das empresas estão a ponderar avançar para a insolvência devido à dificuldade para suportar os custos do funcionamento da sua atividade, sendo que 14% das empresas admitem que não conseguiram pagar salários em março. A mesma percentagem apenas o conseguiu fazer parcialmente.

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Perante as dificuldades causadas pela enorme quebra na faturação, 43% das empresas da restauração admitem que já tiveram de fazer despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 16% reduziram os seus postos de trabalho em mais de metade, e 8% temem não conseguir manter todos os empregos até final de junho.

No que diz respeito ao alojamento turístico, 49% das empresas dizem que, em março, não registaram qualquer ocupação, sendo que 28% não foi além de uma ocupação de 10%.

Acresce que o cenário para este mês de abril não é animador, uma vez que 38% das empresas temem uma taxa de ocupação zero, enquanto outras 28% estimam que os números não vão além dos 10%.

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Nesse sentido, 17% das empresas equacionam avançar para a insolvência e 27% admitem que não conseguiram pagar salários em março — 6% apenas o de fez forma parcial. Além disso, 28% das empresas do setor do alojamento turístico despediram trabalhadores no último ano, tendo os postos de trabalho diminuído para mais de metade em 38% das empresas. 8% dos empregadores admitem que não vão conseguir manter todos os trabalhadores até final do primeiro semestre do ano.

Perante este cenário na restauração e no alojamento turístico, a AHRESP sublinha a “necessidade do reforço das medidas de apoio financeiro e de incentivo ao consumo” de forma a que as tesourarias das empresas do setor “sejam reforçadas no imediato”.

Entre as medidas defendidas pela associação que representa o setor, está o prolongamento do lay-off até final de 2021, o reforço dos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas, a prorrogação das moratórias bancárias ou  acontratualização de organismos intermédios para apoio às empresas.

O inquérito mensal da AHRESP é baseado em 943 respostas válidas.