Joe Biden, o presidente dos EUA, revogou esta quarta-feira a decisão do país de banir a rede social Tik Tok, avança o The New York Times. Esta medida tinha sido tomada pelo seu antecessor, Donald Trump. Mesmo assim, a plataforma chinesa vai ficar numa lista de aplicações controladas por estrangeiros que “podem representar um risco de segurança para os americanos e os seus dados”, refere o mesmo jornal.
De acordo com o The Verge, que também avança a notícia, esta revogação não se aplicará só ao TikTok, e incluirá outras apps chinesas que tinham sido banidas, como WeChat, um serviço de mensagens. De acordo com uma nota a que o The New York Times teve acesso, “o secretário de comércio vai usar uma estrutura de decisão baseada em critérios e uma análise rigorosa e baseada em evidências para avaliar e abordar os riscos” que estes serviços chineses podem causar.
O secretário determinará as ações apropriadas com base numa revisão completa dos riscos apresentados por aplicações de software conectados por adversários estrangeiros”, lê-se na mesma nota.
Sobre esta decisão, o The Verge cita um “responsável sénior” da administração de Biden, que diz: “O executivo está empenhado em promover uma Internet aberta, interoperável, confiável e segura, e em proteger os direitos humanos online e offline e apoiar uma economia digital global vibrante”. A mesma fonte adianta a este jornal que “o desafio” que se está a tentar resolver “é que certos países, incluindo a China, não compartilham esses compromissos ou valores e, em vez disso, estão a trabalhar para alavancar tecnologias digitais e dados americanos de maneiras que apresentam riscos de segurança nacional de formas inaceitáveis”.
Donald Trump assinou no início de agosto de 2020 uma ordem executiva que proibia todas as transações com a ByteDance, a empresa mãe chinesa da rede social TikTok. De acordo com o executivo do ex-presidente, o Tik Tok representava uma “ameaça à segurança nacional”. No mesmo dia, a antiga secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, defendeu as ordens contra o TikTok e o WeChat, e disse que o presidente estava a exercer a sua autoridade de emergência sob uma lei de 1977 que o permite regular o comércio internacional para lidar com ameaças incomuns.
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Desde que Trump assinou a ordem executiva a ByteDance tem tentado combater em tribunal a decisão, tentando reverte-la. Logo em agosto, a ByteDance processou o governo do EUA sobre aquilo que considerou ser uma decisão infundada. “Especialistas independentes em segurança nacional e segurança da informação criticaram a natureza política desta ordem executiva e expressaram dúvidas sobre se o objetivo declarado de segurança nacional é genuíno”, alegou o TikTok.
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Inicialmente, a única saída para a empresa continuar a operar nos EUA era vender as operações do TikTok fora da China. Nesta corrida à compra da rede social, estiveram empresas como a Oracle, o Walmart e até a Microsoft. Contudo, sem a decisão a efetivar-se, nada foi concretizado.
O TikTok, antigo Musical.ly, é uma rede social de partilha de vídeos curtos (até 15 segundos), que pertence à ByteDance, uma empresa tecnológica chinesa fundada em 2012 por Zhang Yiming, que é, atualmente, o unicórnio (empresa privada avaliada em mais de mil milhões de dólares) mais valioso da história. Segundo o último ranking da CB Insights, uma base de dados de investimento em capital de risco, a ByteDance estava atualmente avaliada em cerca de 140 mil milhões de dólares (117 mil milhões de euros). No final de março, a Bloomberg avançou que a empresa poderá estar a ser valorizada em mais de 250 mil milhões de euros (cerca de 205 mil milhões de euros).