A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) decidiu não exercer o direito de preferência sobre a compra do espólio documental do escritor e historiador Alexandre Herculano adquirido em leilão, no final de maio, pela Câmara Municipal de Santarém, confirmou o Observador junto de fonte oficial.

Descrito como um conjunto documental “raro”, o espólio colocado à venda no mês passado incluía manuscritos, provas de edição, correspondência enviada para importantes figuras do século XIX português, como o primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I, o magistrado liberal Manuel Fernandes Tomás, o militar e arqueólogo Augusto Teixeira de Aragão ou o político liberal Manuel Passos Manuel, e documentos relacionados com as atividades políticas de Herculano, que foi parlamentar e defensor do liberalismo em Portugal.

Câmara Municipal de Santarém adquire espólio de Alexandre Herculano em leilão

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Os documentos, que estiveram em posse da família do escritor, foram leiloados no dia 24 de maio, com uma base de licitação de 30 mil euros. Foi por este valor que foram adquiridos pela Câmara Municipal de Santarém, localidade onde Herculano passou os últimos dez anos de vida. De acordo com o indicado à Agência Lusa pelo autarca, Ricardo Gonçalves, a compra foi efetuada com o objetivo de enriquecer o arquivo municipal “com um espólio de grande relevância, de um dos maiores vultos do século XIX, para muitos a maior personalidade intelectual desses anos”.

Enquanto organismo responsável pela preservação e divulgação da documentação “considerada de interesse para a língua portuguesa, a cultura e o conhecimento científico do País” (como estabelecido no decreto-lei onde se aprovou a orgânica da Biblioteca Nacional de Portugal), a BNP tinha um prazo de oito dias para exercer, em representação do Estado, o direito de preferência sobre o espólio, mas optou por não o fazer.

Contactada pelo Observador, a Biblioteca Nacional explicou que, “tendo o mesmo sido licitado por uma instituição pública, a Câmara Municipal de Santarém visando a incorporação no Arquivo Municipal, a BNP não exerceu o direito de preferência”.