O Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, subiu 15,5% no segundo trimestre, face ao mesmo período do ano passado. O Instituto Nacional de Estatísticas confirmou esta terça-feira os dados da estimativa rápida o qual apontavam também para um crescimento da economia de 4,9% face ao primeiro trimestre deste ano.

Governo admite economia a crescer mais do que o previsto em 2021 depois de salto de 4,9% no 2º trimestre

O INE diz que este crescimento foi sustentado pela procura interna, já que o “contributo da procura externa é nulo”. A dimensão do crescimento trimestral é justificada pelos efeitos da pandemia e dos dois confinamentos verificados em 2020 e em 2021 e os movimentos de reabertura da economia. Em 2021, o segundo trimestre compara com o primeiro confinamento do ano passado, sendo que a partir de abril deste ano se verificou o fenómeno contrário, a reabertura da economia.

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O INE aponta ainda para o efeito que o aumento do custo das importações da energia está a ter no saldo do comércio internacional. “Refira-se ainda que no segundo trimestre de 2021, em termos homólogos, se registou uma perda nos termos de troca, tendo o comportamento do deflator das importações sido influenciado, em larga medida, pelo crescimento pronunciado dos preços dos produtos energéticos”, refere o INE.

Nestes três meses, o consumo privado (despesas de consumo final das famílias residentes e das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias) registou uma variação homóloga de 17,5% (-6,6% no primeiro trimestre de 2021 e -14,4% no segundo trimestre de 2020).

Já o consumo público aumentou 9,8% em termos reais no segundo trimestre (variação homóloga de 2,8% no primeiro trimestre), notando o INE que este indicador “registou uma taxa de variação homóloga negativa no segundo trimestre de 2020 (-3,9%), traduzindo o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas de confinamento, que implicaram o encerramento de vários serviços públicos”.

Quanto ao investimento, passou de um crescimento de 3,9% no primeiro trimestre para 10,5% (-10,0% no segundo trimestre de 2020).

A procura externa líquida apresentou um contributo nulo para a variação homóloga do PIB (-2,2 pontos percentuais no trimestre anterior e -4,6 pontos percentuais no segundo trimestre de 2020). As exportações de bens e serviços passaram de uma diminuição homóloga de 9,6% em termos reais de janeiro a março para um aumento de 39,4% (variação de -39,2% no segundo trimestre de 2020), enquanto as importações passaram de uma taxa de – 4,3% no primeiro trimestre para 34,3% (-29,1% no segundo trimestre de 2020).

No segundo trimestre, as despesas de consumo final das famílias residentes apresentaram uma variação homóloga de 18,1% em volume, após a redução de 6,8% no trimestre anterior e de 14,8% no segundo trimestre de 2020.

Comparativamente com o primeiro trimestre de 2021, o PIB aumentou 4,9% em volume, “mais que compensando” a variação em cadeia negativa (-3,2%) observada nesse trimestre e refletindo “os impactos económicos da pandemia”, já que ao confinamento geral do início do ano se seguiu um plano de reabertura gradual a partir de meados de março.

De acordo com o INE, este resultado “traduziu, em larga medida, o contributo positivo expressivo da procura interna (5,4 pontos percentuais) para a variação em cadeia do PIB, após ter sido negativo no primeiro trimestre”. “Em menor grau — acrescenta — refletiu ainda um contributo da procura externa líquida menos negativo no segundo trimestre de 2021”.

Face ao primeiro trimestre, as exportações totais diminuíram 2,0% em termos reais (-2,6% no primeiro trimestre), verificando-se variações em cadeia de sentidos opostos nas duas componentes: -5,2% na componente de bens e +9,6% na de serviços.

Já as importações totais registaram uma variação em cadeia de -0,8% no segundo trimestre (+0,1% no primeiro trimestre), tendo as duas componentes apresentado também variações com sinais opostos, com a componente de bens a diminuir 2,3% e a de serviços a aumentar 8,6%.

Relativamente aos três primeiros meses do ano, as despesas de consumo final das famílias residentes aumentaram 8,8% (variação em cadeia de -4,2% no trimestre anterior), enquanto o investimento total diminuiu 3,2% (aumento de 4,0% no trimestre anterior).