António Costa passou o dia em pré-campanha no interior do país, em Chaves, em Lamego e na cidade de Vila Real. O secretário-geral do PS começou por acenar às regiões de menor densidade com a chamada “bazuca” (o mecanismo europeu para ajudar na recuperação económica), defendendo que deve ser usada na atração de empresas. Mais tarde, falou para a generalidade da população e para os profissionais de saúde em particular, confiante de que o país está “à beira” de “ganhar a guerra e a corrida contrarrelógio entre a vacinação e a criação das novas variantes“. E para os jovens, que terão “mais apoios” se voltarem para o interior.

Num comício em Lamego, o também primeiro-ministro congratulou-se pelo “sucesso da vacinação” e destacou a competência de quem a organizou, “o profissionalismo de quem pratica os atos de enfermagem necessários” e a “fantástica e extraordinária adesão da generalidade dos portugueses que acreditaram na ciência”. Graças a eles, “nós estamos à beira de podermos ter esta pandemia sob controlo e conseguir ganhar a guerra e a corrida contrarrelógio entre a vacinação e a criação das novas variantes”, afirmou.

O secretário-geral socialista realçou ainda “o trabalho único e excecional dos profissionais de saúde, que felizmente permitiram recuperar 94% de mais de um milhão de portugueses que esteve infetado”. Tal como os profissionais de saúde, também os autarcas foram fundamentais nesta pandemia, diz, “a apoiar as famílias que ficaram isoladas, aquelas que perderam rendimentos ou emprego, a apoiar as empresas locais para que a economia local sobrevivesse”, acrescentou.

Segundo António Costa, foi esse trabalho que permitiu a Portugal a retoma económica a que se assiste, “com um crescimento que é dos mais fortes da Europa” e o desemprego “felizmente ao nível inferior” ao que se verificava antes da pandemia.

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Interior deve usar bazuca para evitar país “a duas velocidades”

Antes, em Chaves, durante o comício de apresentação do atual presidente e candidato à Câmara de Chaves, no distrito de Vila Real, Nuno Vaz, Costa teve como alvo o interior. Defendeu que as regiões de baixa densidade devem aplicar os fundos comunitários na atração de empresas, dando como exemplo a instalação de redes de 5G para não ter um país “a duas velocidades”.

“O PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] só permite, nas regiões do interior, que haja investimento nas áreas de localização empresarial e que haja esse investimento para poder ajudar a atrair as empresas”, apontou António Costa. Um exemplo é a instalação das redes móveis de quinta geração (5G), lembrando que “obviamente o mercado vai querer começar a instalar as redes em zonas de alta densidade onde os clientes pagam o investimento”.

“Mas não podemos ter aqui um país a duas velocidades. Se o mercado resolve o problema nas zonas de alta densidade, temos de ter os fundos comunitários necessários para dotar as regiões do interior e os territórios de baixa densidade com as mesmas condições, para criarem as oportunidades para que as empresas se possam instalar nas mesmas condições de conectividade que teriam se instalassem no litoral”, sublinhou.

Para António Costa, deve-se investir também “na descarbonização da indústria e em criar novas fontes de produção de energia, para que nenhuma empresa diga que não vem aqui instalar-se [no interior] por falta de energia, mas que possa ter energia de boa qualidade, que nos ajude também a combater as alterações climáticas”.

O socialista respondia ao desafio colocado pelo recandidato à Câmara de Chaves, Nuno Vaz, que no seu discurso pediu “apoio” ao Governo para reforçar a potência elétrica e na instalação da rede 5G para “dinamizar o parque empresarial e, por esta via, criar emprego”. Ainda sobre as regiões do interior e, principalmente, de fronteira com Espanha, António Costa frisou que na Europa estas são “as mais desenvolvidas dos seus países” e que “a única exceção é entre Portugal e Espanha”.

Costa desafia jovens a regressar ao país onde “são muito bem vindos”

Em Vila Real, o foco foram os jovens que emigraram. Diz António Costa que “são muito bem vindos” a Portugal e que terão “mais apoios” se voltarem para as regiões do interior. “Agora que estamos a virar a página da pandemia, agora que começamos a caminhar para a normalidade e graças à vacinação a ter a pandemia controlada e agora que circulação à escala global se começa a retomar, é mesmo a altura de dizermos de novo aos jovens que partiram voltem porque são muito bem-vindos”, afirmou o também primeiro-ministro.

António Costa acrescentou ainda que se os jovens “voltarem para as regiões do Interior terão mais apoio”, no âmbito do programa Regressar, pois é neste território que “o esforço demográfico é mais necessário”. “Vamos alargar e aprofundar e melhorar o programa Regressar apoiando todos aqueles que tiveram que partir, sobretudo nos últimos anos, e que querem agora voltar”, sublinhou.

O secretário-geral do PS veio a Vila Real apoiar “a reeleição” de Rui Santos, o autarca que conquistou em 2013, pela primeira vez para os socialistas, aquele que era um bastião do PSD. No seu discurso na capital do distrito, Costa reforçou a mensagem que tem repetido neste périplo pelo interior do país, que começou em Bragança e termina domingo na Guarda, sobre o desafio demográfico e o papel deste território na nova centralidade peninsular.

“Se este desafio da demografia é um desafio geral a todo o país, obviamente coloca-se com maior intensidade nas zonas de baixa densidade e nos territórios do Interior e das regiões de fronteira e, por isso o esforço aqui tem que ser um esforço mais acrescido e esse esforço passa, em primeiro lugar, por nós cumprirmos aquele objetivo que definimos em 2015 e que é transformar as regiões de fronteira em novas centralidades no espaço ibérico”, salientou.

António Costa disse ainda que é preciso continuar a atrair as empresas para o interior, “criando condições para tornar o IRC mais atrativo nestas regiões, prosseguir o esforço para ir reduzindo as portagens nestes territórios” e frisou que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “prevê exclusivamente para as regiões do Interior um forte investimento nas áreas de localização empresarial”.

Por fim, lembrou ainda que foram criados cerca de 3.000 postos de trabalho “altamente qualificados”, dos 3.800 inicialmente previstos no programa “Mais Coeso Emprego” e sublinhou que este plano está a ser reforçado “para criar mais 20.000 postos de trabalho altamente qualificados no Interior até 2023”.