O procurador de Washington D.C. apresentou esta terça-feira uma queixa contra grupos de extrema-direita e 30 dos seus líderes, acusados de terem “planeado e participado” no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos.

O procurador-geral do distrito de Colúmbia (círculo da cidade de Washington), Karl Racine, disse esta terça-feira que esta ação civil tem por objetivo “desencorajar futuros atos de violência” e indemnizar as vítimas da invasão à sede do Congresso, no dia 6 de janeiro, por parte de apoiantes do ex-Presidente Donald Trump.

Fotogaleria. As imagens da invasão do Capitólio por manifestantes pró-Trump

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A maioria dos indivíduos mencionados na denúncia — líderes dos grupos de extrema-direita Proud Boys e Oath Keepers — já está sujeita a processos criminais federais e pode ser julgada na próxima primavera.

A ação civil é baseada numa lei promulgada em 1871 para proteger os direitos dos afro-americanos após a abolição da escravatura, em 1865, principalmente contra grupos extremistas.

Em fevereiro, o congressista democrata Bennie Thompson já tinha apresentado uma ação civil contra os Proud Boys e os Oath Keepers, bem como contra o ex-Presidente Donald Trump e contra o seu advogado Rudy Giuliani, pelo papel desempenhado na invasão ao Capitólio.

Mas esta é a primeira vez que as autoridades tentam obter uma compensação, explicou Racine, alegando que é uma forma de combater “atos de ódio”.

Segundo a denúncia, “o atentado de 6 de janeiro foi um ato coordenado de terrorismo doméstico” e a cidade de Washington viu-se por isso obrigada a “lidar com as consequências” desse golpe.

Entretanto, o Congresso vota esta terça-feira sobre o início do processo criminal contra Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Donald Trump e um dos seus conselheiros mais próximos, que se recusa a testemunhar no inquérito parlamentar sobre o ataque ao Capitólio.

Esta investigação visa lançar luz sobre as últimas semanas da presidência de Donald Trump, até aos acontecimentos de 6 de janeiro.

Mark Meadows está no centro de todas as suas atenções, tentando evitar a acusação de “obstruir a investigação do Congresso“, mas mantendo a intenção de manter o seu silêncio sobre informações na invasão ao Capitólio.

Para tal, o ex-chefe de gabinete de Trump forneceu aos investigadores milhares de páginas de documentos oficiais, mensagens de correio eletrónico e textos oficiais sobre o caso.

Algumas das mensagens enviadas a Meadows por figuras de relevo do Partido Republicano foram lidas em voz alta no Congresso, revelando que comentadores do canal televisivo conservador Fox News e até o próprio filho Donald Trump Jr. pediram ao ex-Presidente para se manifestar publicamente de forma a travar a ação dos invasores do Capitólio.

O resultado da votação da Câmara de Representantes — que deverá ser positivo, dada a maioria democrata — deve ser comunicado ao Departamento de Justiça, que tomará a decisão final de indiciar criminalmente Mark Meadows.