Joe Rogan reagiu este domingo às críticas que lhe têm sido feitas por vários artistas, nomeadamente os músicos canadianos Neil Young e Joni Mitchell, que querem retirar a sua discografia do Spotify em protesto contra a desinformação divulgada no podcast “The Joe Rogan Experience”.

Num vídeo de 10 minutos publicado este domingo na rede social Instagram, o podcaster afirmou que vai “tentar trazer mais pessoas com opiniões diferentes” para o seu programa.

Joe Rogan explicou que “nunca quis fazer nada com o programa a não ser falar com as pessoas“, mas assumiu “nem sempre acertar”, e apoiou as novas regras propostas este domingo pelo Spotify para combater a falsa informação em relação à Covid-19.

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O meu compromisso para convosco é que darei o meu melhor em tentar equilibrar estes pontos de vista controversos com a perspetiva de outras pessoas, para que possamos encontrar uma melhor perspetiva”esclareceu.

Segundo a CNN, Joe Rogan tinha apelado a que os mais jovens não fossem vacinados contra a Covid-19, tendo igualmente promovido o uso de um medicamento para tratar a doença provocada pelo coronavírus que não foi aprovada para o efeito.

Na semana passada, o artista canadiano Neil Young enviou uma carta à sua editora onde exigiu que a sua discografia fosse retirada da plataforma de streaming, por discordar com o conteúdo divulgado no podcast de Joe Rogan, que acusa de propagar desinformação em relação à Covid-19.

Segundo o The Guardian, artistas como Joni Mitchel e Nils Lofgren — guitarrista que trabalhou com Bruce Springsteen — apoiaram o músico e seguiram o seu exemplo. O guitarrista apelou a que “todos os músicos, artistas e amantes da música em todo o mundo, para que nos apoiem, e cortem laços com o Spotify“.

Neil Young quer tirar músicas do Spotify em protesto contra o negacionismo: “Eles podem ter o Joe Rogan ou o Young. Não os dois”

No início do mês de janeiro, 270 médicos assinaram uma carta aberta onde apelaram ao Spotify para que tomasse uma posição quanto às conversas relacionadas com conteúdo negacionista divulgadas no “The Joe Rogan Experience”.  Segundo a carta, o Spotify “tem a responsabilidade de procurar mitigar a divulgação de desinformação na sua plataforma“.

Os direitos do podcast “The Joe Rogan Experience”, ouvido por cerca de 11 milhões de pessoas por episódio, foram adquiridos em exclusivo pelo Spotify em 2020, num negócio que envolveu 100 milhões de dólares (cerca de 89 milhões de euros).

“Muitas vezes não faço ideia sobre o que é que vou falar até que me sente e comece a conversar com as pessoas”, justificou Joe Rogan, defendendo que o podcast “se tornou naquilo que é hoje” porque “perdeu a sua direção”, algo sobre o qual, alega, tem “muito pouco controlo“.

O anfitrião do podcast aproveitou ainda o vídeo para fazer um pedido de desculpa à plataforma de streaming: “Quero agradecer ao Spotify por todo o apoio neste momento, e lamento imenso que isto lhes tenha acontecido e que estejam a suportar tanto“. Joe Rogan esclareceu no vídeo divulgado no Instagram que “não há ressentimentos” em relação a Neil Young, tendo o humorista confessado ser um fã do músico.

No domingo, o presidente executivo (CEO) do Spotify, Daniel Ek, anunciou a introdução de novas regras para combater a desinformação na plataforma de streaming. “Temos tido regras em vigor durante vários anos, mas reconheço que não temos sido transparentes sobre as linhas que orientam de forma geral os nossos conteúdos”.

Spotify admite falta de transparência e cria regras para conteúdos sobre a Covid

O CEO anunciou assim que o Spotify vai, entre outras normas, publicar e atualizar regularmente as regras da plataforma; acrescentar um aviso em relação ao tipo de conteúdo no caso de podcasts que promovam discussões em relação à Covid-19 (direcionando os utilizadores para links com conteúdo produzido por autoridades de saúde de todo o mundo, à semelhança do que faz o Faecbook ou Instagram); e procurar meios de destacar as regras da plataforma de streaming tanto para os ouvintes como para os produtores de conteúdo.

É importante para mim não assumir a posição de censor de conteúdos, ao mesmo tempo que asseguro que há regras definidas e consequências para quem as violar”, assumiu ainda Daniel Ek.

Antes de Neil Young e de Joni Mitchell, já Harry e Meghan se tinham queixado ao Spotify por causa da desinformação Covid

Em abril do ano passado, como explicou a Reuters este domingo, o príncipe Harry e a princesa Meghan Markle tinham já relatado aos responsáveis da plataforma de streaming preocupação em relação a informação contraditória relacionada com a pandemia que estaria a ser divulgada no Spotify.